Após 8 semanas na fase vermelha e com os serviços não essenciais proibidos de funcionar, o comércio de Ribeirão Preto teve permissão para reabrir no último sábado (08). As lojas ficaram lotadas e do lado de fora várias filas foram formadas. Famílias saíram às ruas para passear ou fazer compras. O resultado foi lotação total no calçadão.
Claudio Penido Campos Jr., médico infectologista da Comissão de Controle de Infecção do Hospital São Francisco, explica que o grande problema das aglomerações são as gotículas que as pessoas podem expelir, o que provoca a contaminação. “Quando as pessoas falam, respiram, espirram, estas partículas são emitidas e conseguem atingir uma certa distância a partir do momento que elas saem da cavidade oral e nasal. Elas conseguem atingir em torno de 1 metro, 1 metro e meio. Então, é necessário que as pessoas mantenham a distância de 2 metros”, alerta o médico.
Ele ainda vai além e reforça que mesmo com a flexibilização é necessário manter as medidas de controle e fala em garantir um tripé de recomendações, que vai além do distanciamento. “Higienização das mãos com água, sabão e álcool em gel, uso das máscaras e distanciamento de 2 metros continuam válidos e indicados. A flexibilização da abertura do comércio não permite que estas medidas deixem de ser adotadas. Esta mensagem precisa ficar bem clara para a população, que são coisas distintas”, orienta o infectologista.
As gotículas que expelimos explica a importância do uso das máscaras e o médico comenta que elas também podem ficar nas superfícies. “Estas gotículas acabam se depositando em superfícies e as pessoas quando tocam estas superfícies, não higienizam as mãos e levam ao olho, nariz e boca, pode haver transmissão”, explica Campos Jr. Ele ainda completa: “É fundamental que as pessoas estejam de máscaras. Ela barra inicialmente a saída das gotículas da boca ou do nariz”.
Entre as pessoas que se aglomeraram no calçadão, havia muitas crianças e gestantes, que demandam uma atenção especial. As gestantes são grupo de risco e as crianças muitas vezes podem transmitir com facilidade já que é comum elas estarem assintomáticas. “Embora elas adoeçam com menor frequência, elas são transmissoras. O ideal é evitar expor as crianças na rua, principalmente em casos de aglomeração”, diz o médico que também comenta a dificuldade das mães em garantir que os filhos usem a máscara constantemente e de forma correta.
“Algum impacto, se é que ele vai existir e ele pode existir, vai começar a ser produzido daqui duas semanas” , diz Claudio Penido Campos Jr, médico infectologista
Questionado sobre o impacto da aglomeração no centro da cidade nos casos de Covid-19 nos próximos dias, o infectologista Claudio Penido Campos Jr foi cauteloso mas confirmou o risco. “Isto é muito dinâmico, difícil de responder objetivamente. Mas este tipo de comportamento que a gente viu no fim de semana sem dúvida pode colaborar para um novo aumento de casos a partir de duas semanas que Ribeirão voltou para a fase amarela. O ciclo da infecção geralmente envolve 14 dias entre a exposição dos indivíduos, a aquisição da doença e manifestação da sintomatologia” comenta.
Ribeirão Preto na fase amarela
O decreto número 189, de 07 de agosto, que regulamenta as regras de retomada consciente das atividades econômicas em Ribeirão Preto, estabelece normas de funcionamento do comércio no centro.
A capacidade está limitada em 40%, o horário de atendimento é de segunda-feira a sábado, das 9 às 17 horas e é preciso seguir os protocolos de segurança sanitária.
A doença em números
No boletim divulgado na tarde de ontem (10) Ribeirão Preto contabiliza 16.544 casos confirmados de Covid-19 e 443 mortes.
Confira a evolução dos casos nos gráficos abaixo:
Entrevista na íntegra
Claudio Penido Campos Jr., médico infectologista da Comissão de Controle de Infecção do Hospital São Francisco, concedeu entrevista para o programa Alto Astral e falou de outros cuidados que a população precisa colocar em prática para evitar a disseminação da Covid-19.
Confira a entrevista na íntegra no link abaixo: