Vídeo | Especialista mostra como depressão pode influenciar na dentição

Há mais de 30 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde, que são desdentados

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Foto: Rede social

Dr Ronaldo Silva, especialista em odontologia de recuperação dentária, aborda a situação dos brasileiros no assunto e mostra como o estresse e a depressão influenciam na dentição da população.

Há anos nós estamos envolvidos com a Odontologia, uma das coisas muito importantes é a questão do equilíbrio, seja na parte estética, na reposição de lâminas, cores, etc. Mas, o que pega mesmo é a ausência dentária, seja de um, de vários ou o que é muito crítico, de todos os dentes. Desde a faculdade, quando eu me formei, eu tenho essa missão. Sempre trabalhei na reposição de perdas dentárias.

No meu doutorado, já defendido quase 15 anos atrás, nós tivemos uma percepção que era mundial. Há mais de 30 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde, que são desdentados e nós fizemos um trabalho na Universidade de São Paulo através de um apoio, de um suporte do programa Brasil Sorridente do Governo Federal, no qual buscamos um grupo de pessoas que não possuia dente algum. Não tinha experiência de mastigação há tempos e nós fizemos a reposição de perdas através de implantes dentários.

Já sabíamos que havia uma tendência, mas o resultado foi surpreendente. Essa perda dentária, seja ela unitária, parcial ou total, gera inúmeros desconfortos psicológicos do convívio social até a própria mastigação, que gera uma subnutrição e baixa autoestima, né? Porque um sorriso acanhado, influi num relacionamento, no libido ou no beijo, na insegurança de você entrar numa piscina, numa cachoeira, com uma prótese móvel que substitui aqueles dentes perdidos de uma maneira ainda não tão ideal tanto que hoje, por sinal, a OMS os chama de inválidos orais. Olha a seriedade desse tema?

Isso foi realmente constatado nesses estudos psicológicos. A situação que levava a uma depressão em vários níveis. Inicial, moderada e inclusive avançada em pessoas que já não mastigavam há muito tempo. O Brasil tem uma história de perdas precoces da dentição. Desde os adolescentes, até jovens adultos, praticamente sem dentes. Isso nessa geração atual, agora imaginem isso há 30, 40, 50 anos.

Como conviver bem em sociedade e ter um trabalho de alta performance em uma situação dessas? Então, os psicólogos entraram muito nessa cena e tem trabalhado bastante para esclarecer a esses indivíduos que hoje as técnicas são bastante contemporâneas, são de vanguarda. A gente consegue reabilitar esse paciente com rapidez, precisão e com baixo desconforto.

Hoje, temos as cirurgias virtuais guiadas. São cirurgias sem cortes, nas quais repõe rapidamente os dentes perdidos, então, o trabalho hoje é mostrar pra esse indivíduo que ele tendo um edentulismo, parcial ou total, para que ele que busque tratamento, porque às vezes ele tem essa percepção de que essa baixa estima dele tem uma relação direta com o edentulismo, mas às vezes ele não tem.

Ele acha que está relativamente bem, porque ele usa essa prótese há muitos anos, mas quando ele se depara com a reposição dos seus dentes, ele sente o tempo que ele perdeu. Então eu estou aqui para salientar e para enfatizar esse tema tão importante que é dentição x depressão ou a sua baixa estima, ou a sua baixa produção do seu trabalho, ou o seu não convívio entre amigos e familiares por um acanhamento social.

Às vezes as pessoas não tem essa a percepção do grau que hoje os atinge, então é um modelo grande de defesa de tese entre a parte psicológica e a odontologia que envolve profissionais e estudiosos de diversos países hoje em dia, pois, no passado, não havia essa relação tão próxima entre odontologia e saúde em geral mas está cada vez mais claro que não existe separação entre uma coisa e outra. Os cuidados que você deve ter na plenitude da sua mastigação, no seu sorriso e na sua autoestima, tudo isso está interligado, inclusive, com a parte psicológica.

Sabemos que nem todos tem acesso ao atendimento particular para resolver esse problema, então aí é que falta ação do poder público, que deveria promover parcerias público-privadas para atender as pessoas de baixa renda, que poderão recuperar uma vida plena, muitas vezes saindo até das ruas e da depressão, conseguindo um emprego e se reintegrando ao convívio social de maneira completa.