Imagens divulgadas através das redes sociais mostram um criminoso sendo executado por homens vestidos de policiais. A informação inicial era que o caso teria ocorrido no Rio de Janeiro, durante operação realizada na quinta-feira (6) na comunidade do Jacarezinho, na zona Norte do Rio, mas a informação foi desmentida pela polícia carioca.
No vídeo, policiais encapuzados perseguem um dos criminosos, que estava ferido e se abrigou na casa de um morador. A imagem mostra policiais arrombando a porta de um dos quartos do imóvel e o homem caído no chão. Um dos policiais pede ao outro para atirar na cabeça do suspeito, e a imagem mostra o policial disparando pelo menos quatro vezes contra o suspeito.
O caso ocorreu em 6 de dezembro do ano passado na região sul de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Jacarezinho
O vídeo começou a circular pelas redes sociais nesta sexta (7) e, num primeiro momento, não foi negado pela polícia carioca. Depois, a instituição se pronunciou.
Na ação realizada no Jacarezinho, pelo menos 25 pessoas morreram durante a Operação Exceptis. O primeiro a morrer foi um policial civil e, na sequência, 24 pessoas foram abatidas. De acordo com a Polícia Civil, a região do Jacarezinho é um dos quartéis-generais da facção Comando Vermelho na zona norte e abriga “uma quantidade relevante de armamentos” protegidos por barricadas e táticas de guerrilha adotadas pelo grupo criminoso.
De acordo com a defensora pública Maria Júlia Miranda, há sinais claros de execuções. Maria Júlia classificou o episódio de “chacina” e criticou também a falta de transparência dos responsáveis pela operação.
“Como a polícia considera exitosa uma operação que deixa um saldo de 25 mortos? Isso contradiz tudo que já estudamos sobre segurança pública. Não podemos continuar com um estado em que cerca de 30% das mortes violentas decorrem de intervenção policial”, afirmou. Ela afirma que a Polícia Civil não informa quais são seus indicadores de êxito de uma operação.
Outro lado
A operação de Jacarezinho foi a operação policial mais letal na história do estado. O objetivo era desarticular uma quadrilha de traficantes que aliciava menores de idade – alguns com apenas 12 anos – para o mundo do crime. Além disso, eles estavam envolvidos em outros crimes, incluindo sequestros de trens que passam pela comunidade.
O delegado Fabrício Oliveira, chefe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), unidade especial da Polícia Civil, contou que os confrontos se estenderam por toda a comunidade e os criminosos invadiram as casas dos moradores, o que forçou os policiais a entrarem nas residências. Porém, ele negou que tenha havido execuções de suspeitos.
“Negativo [não houve execuções]. A polícia cumpre rigorosamente a lei. O policial tem todo o dever de se proteger, se defender. E a polícia atua somente em legítima defesa. Em todos os casos, e eu estava presente pessoalmente na operação, em que houve confrontos dentro de casas. Foram casas que foram invadidas por criminosos e os moradores estavam acuados”, declarou.
ERRATA: A reportagem chegou a informar que o vídeo seria da ação policial no Jacarezinho, o que foi negado pela instituição posteriormente. A informação foi corrigida e o texto, modificado.