Estudo revela 16,6% de cobertura arbórea e propõe plantio de até 128 mil novas árvores até 2035; o estudo estima que a arborização pode reduzir em até 58% os gastos públicos com infraestrutura e energia e R$ 6 milhões/ano em asfalto
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo apresentou nesta quinta-feira (13/11), na Câmara Municipal, o Diagnóstico da Cobertura Florestal Urbana e Microclima e o Plano de Arborização Urbana de São José do Rio Preto.
O evento, realizado durante audiência pública da Comissão Permanente de Defesa do Meio Ambiente, reuniu vereadores, representantes do Comdema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), da Associação de Defesa dos Mananciais (Aama), organizações ambientais e a comunidade.
O estudo, elaborado pelo Grupo GETMA (Grupo de Extensão em Técnicas de Monitoramento Arbóreo) da Esalq/USP, sob coordenação do professor doutor Demóstenes Ferreira da Silva Filho, foi iniciado em 2024 e concluído em março de 2025.
A apresentação técnica foi conduzida pelo engenheiro agrônomo e coordenador do Viveiro Municipal, Otton Arruda, e a abertura feita pelo secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Paulo Pagotto Júnior.
Diagnóstico floresta urbana
A pesquisa identificou que 16,67% do solo urbano de Rio Preto é coberto por copas de árvores — índice considerado intermediário para cidades de clima tropical.
A meta do Plano é chegar a 33 mil novas árvores até 2026 e 128 mil até 2035, o suficiente para sombrear as vias públicas e reduzir significativamente as chamadas “ilhas de calor”.
O estudo utilizou imagens de satélite Planet e Landsat 8, câmeras térmicas e o aplicativo QField, permitindo mapear com 98% de precisão as áreas de maior déficit verde e temperatura acima de 32 °C.
Essas regiões, principalmente no setor Norte e parte do Leste, serão priorizadas nos plantios.
“O diagnóstico é um instrumento de gestão.
Ele mostra onde estamos e para onde devemos ir.
Com ele, podemos planejar o verde urbano com base científica e social, garantindo que cada árvore plantada traga benefícios reais à cidade”, destacou Paulo Pagotto Júnior, secretário de Meio Ambiente e Urbanismo.
Benefícios e economia
As árvores urbanas oferecem ganhos ambientais, sociais e econômicos.
Uma árvore adulta, por exemplo, equivale a quatro aparelhos de ar-condicionado ligados 20 horas por dia.
Além disso, o estudo estima que a arborização pode reduzir em até 58% os gastos públicos com infraestrutura e energia, além de gerar economia de R$ 6 milhões por ano em manutenção de asfalto.
O engenheiro agrônomo Otton Arruda reforça que a arborização precisa ser tratada como investimento estratégico: “Quando falamos em florestas urbanas, falamos de infraestrutura verde.
Árvores reduzem o calor, filtram o ar, melhoram a saúde da população e tornam a cidade mais humana.
Não é apenas estética — é qualidade de vida e economia pública”, defendeu.
Desafios e soluções práticas
Apesar dos avanços, Rio Preto enfrenta desafios típicos de grandes cidades.
Redes elétricas, calçadas estreitas, garagens e guias rebaixadas dificultam o plantio de árvores de grande porte.
O plano propõe soluções para a iluminação pública não conflitar com as copas, e pensar no futuro de redes elétricas compactas e enterrar tubulações a maior profundidade.
Outro ponto essencial é a diversidade de espécies.
O inventário de 2019 apontava 3.134 árvores de 96 espécies diferentes, sendo o oiti (Licania tomentosa) o mais comum, com 62% do total.
Desde então, a diversidade aumentou 49%, reflexo de ações de manejo e ampliação de viveiros.
O novo plano prioriza o uso de espécies nativas e frutíferas de sombra, que aliam conforto térmico e geração de alimento, incentivando o envolvimento comunitário.
É importante ressalvar que as árvores frutíferas são indicadas apenas para parques, quintais, áreas amplas e jamais em calçadas ou próximo de vias públicas.
Planejamento e metas
O Plano de Arborização Urbana foi desenhado em etapas:
• Diagnóstico (2024) – mapeamento completo da cidade.
• Planejamento (2025) – definição de espécies adequadas por bairro e via.
• Plantio inicial (2025–2026) – 33 mil novas árvores em áreas mais quentes.
• Expansão (até 2035) – 128 mil árvores para cobertura total.
• Monitoramento contínuo – inventário digital e atualização permanente dos dados.
Entre as diretrizes estão: inventariar e atualizar dados, garantir diversidade genética, criar banco de sementes e mudas certificadas, instituir árvores imunes ao corte e ampliar a participação social.
Rio Preto mais verde
Com base nas diretrizes propostas, o município busca transformar o sistema viário — ruas e avenidas — no principal eixo da floresta urbana, garantindo sombra, conforto térmico e integração ambiental em todos os bairros.
“Implantar florestas urbanas é investir na saúde, no conforto e no futuro sustentável da cidade.
Uma Rio Preto mais verde é também uma cidade mais inteligente e resiliente”, concluiu o secretário Paulo Pagotto Júnior.
O Plano de Arborização agora fica disponível para apreciação popular e para planejamento e sugestões de ações e projetos para 2026.
🌳 Números e metas da Arborização Urbana de Rio Preto
🌱 Indicador Situação atual Meta / Projeção
🌿 Cobertura arbórea urbana 16,67% 33% até 2035
🌳 Árvores em vias públicas (2019) 3.134 (96 espécies) +128 mil até 2035
🌞 Diferença térmica Até 10 °C mais frio em áreas arborizadas Ampliar áreas sombreadas
💧 Retenção de água da chuva Até 19% Reduzir enchentes e poeira
💸 Economia pública estimada R$ 6 milhões/ano Redução de 58% em gastos de infraestrutura
🍃 Principais espécies novas Nativas e frutíferas Plantio participativo
🛰️ Tecnologia aplicada Satélite + QField + SIG Monitoramento contínuo e mapeamento térmico



