A chuva histórica que devastou a Vila Sahy, em São Sebastião, durante o carnaval de 2023, completou dois anos nesta quarta-feira (19). Na época, a precipitação, considerada a maior já registrada no Brasil, deixou 64 mortos e um rastro de destruição no local – relembre abaixo.
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Como forma de minimizar os danos registrados na região, o Governo do Estado de São Paulo vem investindo em novas tecnologias para acelerar o processo de reflorestamento. Uma delas é o uso de drones para o lançamento de cápsulas biodegradáveis com espécies de árvores nativas da Mata Atlântica nas áreas atingidas, com o objetivo de evitar novos deslocamentos de massa.
Durante os últimos 10 meses, mais de 2 mil voos de drones foram realizados, lançando quase 1,5 tonelada de biocápsulas em 850 áreas afetadas pelos deslizamentos, com dispersão de cerca de 134 milhões de sementes.

Outra técnica usada para complementar as plantações é a hidrossemeadura, que envolve a aplicação de uma solução contendo sementes, fertilizantes e água sobre as encostas através de jateamento.
Segundo a Fundação Cultural, responsável pelas tecnologias, o projeto abrange cerca de 203 hectares, que é equivalente a mais de 280 campos de futebol. O objetivo, ainda de acordo com o órgão, é restaurar pelo menos mais 160 hectares nos próximos três anos.
Tecnologias e obras para prevenção de novos deslizamentos
Além de investir no reflorestamento das encostas atingidas pelas chuvas, o Governo do Estado instalou tecnologias para prevenir novas tragédias. Ainda em 2023, a Defesa Civil instalou uma sirene para alerta de temporais na Vila Sahy.
Já em 2024, um radar que fornece dados meteorológicos sobre a condição do clima na região foi instalado em Ilhabela, cidade vizinha à São Sebastião. O equipamento, que é gerido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), foi colocado dentro de uma propriedade particular, num espaço cedido para a instalação. Trata-se de um radar americano Banda-X, com 500 watts de potência, antena de 1,80m e com alcance de até 120 km.

A região também conta com a cobertura do sistema ‘cellbroadcast’, lançado em dezembro de 2024, que envia alertas de emergência sobre desastres aos celulares de moradores de áreas consideradas de risco, como a Vila Sahy. A ferramenta também é capaz de informar locais para evacuação e pontos seguros.
O bairro recebeu ainda uma série de obras realizadas pela prefeitura, com o objetivo de prevenir uma nova tragédia. Foram feitas limpeza, desassoreamento e contenção da margem do Rio Sahy, devido à grande quantidade de lama que invadiu o rio durante as fortes chuvas, causando o assoreamento do leito.
Além disso, foi construído um sistema de drenagem com uma nova travessia sob a rodovia Dr. Manoel Hyppolito do Rego (SP-55), permitindo o lançamento das águas pluviais no rio e melhorando o escoamento.
A Vila Sahy também foi contemplada com terraplanagem, contenções em solo grampeado com concreto projetado, plantio de vegetação, instalação de barreiras de contenção flexíveis e construção de muros de gabião.

Relembre a tragédia
Há exatamente dois anos, no dia 19 de fevereiro de 2023, uma chuva histórica devastou São Sebastião. A tragédia deixou 64 pessoas mortas e 2.400 moradores desalojados ou desabrigados após suas casas serem soterradas e destruídas por deslizamentos de terra.
Na madrugada daquele dia, mais de 600 milímetros de chuva caíram sobre a cidade, o maior volume já registrado em uma única precipitação no país. Esse foi um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil.
Dois anos após a tragédia, a reportagem da TV TH+ SBT Vale voltou a São Sebastião para conversar com os moradores afetados pelas chuvas extremas, recontar suas histórias e saber como eles estão reconstruindo a vida.
A matéria, conduzida pelo repórter Pedro Coralia, foi ao ar no jornal Hora do Vale desta quarta-feira (19). Veja abaixo: