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Escolher uma profissão aos 17 anos? Pressão não ajuda, mas presença sim.

Cláudia Oliveira
Cláudia Oliveira
Psicóloga com formação em Terapia Cognitiva Comportamental, especialista em adolescência, adultos e orientação profissional. Neuropsicóloga, pós-graduada em orientação parental e inteligência emocional, Pós-graduanda em Psicopatologia e em Psicologia baseada em evidências. @psiclaudiaoliveira @adolescenciasimples
claudia oliveira

A cena é comum em muitas casas: o filho no 3º ano do Ensino Médio, a família reunida à mesa, e alguém lança a pergunta que parece simples, mas carrega um peso invisível: “E aí, já decidiu o que vai prestar no vestibular?”

O silêncio que segue costuma ser desconfortável. Alguns adolescentes desviam o olhar. Outros respondem com um chute qualquer, mais para encerrar o assunto do que por convicção. Há ainda os que dizem: “tô pensando”, enquanto por dentro sentem uma mistura de medo, insegurança e vontade de fugir.

A verdade é que escolher uma profissão aos 17 anos, atualmente, é muito diferente do que era há algumas décadas — e se tornou uma das tarefas mais complexas para o jovem. Muitos sequer conhecem todas as possibilidades que existem. E, para piorar, carregam nas costas a expectativa da família, da escola que quer se promover com a boa classificação do aluno e da própria sociedade.

Como psicóloga, com mais de duas décadas de experiência, escuto adolescentes que chegam até mim perdidos, confusos e, muitas vezes, com medo de decepcionar os pais. Eles querem acertar, claro que querem. Mas como acertar quando ainda nem sabem direito quem são, e o mundo oferece uma vastidão de carreiras e caminhos possíveis?

Nesse momento, o papel da família é decisivo — não para escolher por ele, mas para apoiar durante todo o processo. E isso requer escuta ativa, presença, paciência, afeto e uma boa estratégia.

É comum que os pais, querendo o melhor, tentem dar conselhos prontos: “Faz Direito porque dá estabilidade”; “Essa carreira não tem futuro”; “Se eu fosse você, faria…”. Mas esse tipo de fala, muitas vezes, bloqueia o jovem. Ele sente que precisa escolher algo que agrade aos outros, e não aquilo que combina com ele mesmo.

Mas será que o jovem sabe o que combina com ele? Novamente, com base na minha vivência clínica, posso afirmar que a maioria sabe muito pouco.

Este apoio pode ser oferecido pelos pais? Claro, mas nem os pais estão dando conta de tamanha mudança do cenário profissional. Por isso, torna-se cada vez mais necessário o apoio de alguém mais experiente neste momento.

A orientação profissional não é apenas sobre escolher um curso — é sobre olhar para dentro, descobrir gostos, talentos, valores e, só então, olhar para fora com mais clareza e informação. É um processo profundamente importante nessa fase da vida e deve ser conduzido por profissionais com escuta qualificada, habilidade e experiência.

Seu filho pode estar vivendo um verdadeiro turbilhão interno. Em vez de mais pressão, ele precisa saber que tem um porto seguro em casa. Precisa sentir que você está ali, não para cobrar uma resposta imediata, mas para caminhar junto na construção de uma escolha mais consciente.

O mundo pode cobrar pressa, mas, dentro de casa, seu filho precisa encontrar confiança. No fim das contas, ele pode até esquecer o que você disse… mas nunca vai esquecer como você o fez se sentir nesse momento da vida.

Três atitudes práticas que fazem diferença:
✔️ Converse com curiosidade, não com cobrança.
Troque o “Já decidiu o que vai fazer?” por “O que você tem pensado sobre o seu futuro?”
✔️ Demonstre confiança nele, mesmo diante das incertezas.
O apoio emocional tem mais valor neste momento do que a certeza sobre a profissão.
✔️ Considere procurar um processo de orientação profissional.
Realizado por um psicólogo, esse acompanhamento ajuda o jovem a se conhecer melhor, explorar possibilidades e fazer escolhas mais seguras.

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