Jovem morto atropelado salva seis vidas com doação de órgãos

*Por Beatriz Plaça

O sorriso do Lucas diz tudo. Ele sempre viveu a vida com intensidade e alegria. O Natal de 2022 foi o último junto da família e o primeiro junto da filha, de apenas 4 meses. Ninguém pensava que, na manhã de Natal, o pior poderia acontecer.

Ele foi atropelado enquanto fazia o trajeto até a padaria para comprar pão. O jovem chegou a ser internado, mas não resistiu.

Recém-casado e pai de primeira viagem, ele sempre fazia de tudo pela família, amigos e até desconhecidos. Para a esposa e mãe, ficaram as lembranças e o orgulho de ter o Lucas durante 26 anos.

“O Lucas sempre foi um homem maravilhoso, sempre ajudava todo mundo, amava a família. Ele era membro da pastoral da igreja, sempre à disposição das pessoas. Fico muito orgulhosa do meu filho”, contou a mãe, Zeine Oliveira, para a produção da TV Thathi SBT.

REPRODUÇÃO/TV THATHI SBT

Depois da morte, a família conversou e chegou em uma decisão de cumprir um pedido antigo que o Lucas fez em vida: doar todos os órgãos possíveis.

Com essa atitude, o Lucas salvou, pelo menos, 6 vidas. “Sabe aquelas conversas em família que aparecem do nada? Sobre diversos assuntos? Foi em uma dessas conversas, sobre a morte, que o Lucas me disse que queria ser doador. Que queria que tudo fosse doado para salvar vidas. Ele brincava: ‘ué vai ficar tudo debaixo da terra apodrecendo?’”, lembrou Zeine.

Dados sobre doação de órgãos

De acordo com o governo, o Brasil tem o maior programa público de transplantes de órgãos, tecidos e células do mundo. O país também é o segundo que mais realiza transplantes, atrás apenas dos Estados Unidos.

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2021, foram feitos cerca de 23,5 mil procedimentos. Desse total, cerca de 4,8 mil foram transplantes de rim, 2 mil de fígado, 334 de coração e 84 de pulmão, entre outros.

Como funciona

Se você deseja ser doador de órgãos e tecidos, a primeira coisa a fazer é avisar a sua família sobre a sua vontade. Por isso, é importante falar para a sua família que deseja ser um doador de órgãos, para que após a sua morte, os familiares possam autorizara doação e retirada dos órgãos e tecidos.

No Brasil, a doação de órgãos e tecidos só será realizada após a autorização familiar. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista de espera.

A lista é única, organizada por Estado ou região, e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

É preciso conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos e tecidos e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto, deixando clara sua intenção de doar.

Para mais informações acesse o site do Governo Federal.

Recusa

A recusa familiar é o principal motivo que impede a doação de órgãos no Brasil, de acordo com uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada em 2021.

Atualmente, mais de 59 mil pessoas estão na fila esperando por um órgão. Em 2022, mais de 45% das famílias não concordaram com a doação.

O acidente

O acidente aconteceu na manhã de Natal, dia 25 de dezembro, por volta das 9h, na rua Aurora Pinto da Cunha, no bairro Jardim América, na zona sul da cidade de São José dos Campos.

Lucas fazia o trajeto de bicicleta quando foi atingido pelo carro desgovernado. O motorista fugiu sem prestar socorro.

Equipes da Polícia Militar foram acionadas e socorreram a vítima até o pronto-socorro do Hospital Municipal, onde ele foi internado em estado grave.

Os policiais fizeram buscas pela cidade e prenderam um homem de 22 anos em flagrante, acusado de causar o acidente e de dirigir embriagado.

Aos policiais, o homem teria confirmado que estava bêbado e confessado o crime.

Lucas ficou internado no Hospital durante quatro dias, mas não resistiu aos múltiplos ferimentos e morreu no dia 28 de dezembro.

O caso foi registrado na delegacia como embriaguez ao volante e lesão corporal culposa. Com o falecimento da vítima, o motorista poderá responder também por homicídio culposo.

Por meio de nota, a prefeitura de São José dos Campos lamentou a morte do funcionário. Ele era agente de combate a endemias e trabalhava no Centro de Controle de Zoonoses. A prefeitura manifestou solidariedade à família e informou que está prestando toda a assistência necessária. Lucas era casado e deixou uma filha recém-nascida.

 

*Edição: Nayara Francesco

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