Meteorologista de Lorena embarca rumo à Antártida em expedição de três meses

meteorologista vai para antártida
(Foto: Arquivo Pessoal)

A realização de um sonho, foi assim que o meteorologista Giovanni Dolif descreveu sua viagem rumo à Antártida, que acontece no fim deste mês. O pesquisador do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), morador de Lorena no Vale do Paraíba, embarca em um veleiro, no dia 25 de novembro, com destino ao continente junto de oito tripulantes, por três meses.

Em entrevista ao portal THMais Vale, Giovanni contou que a oportunidade de velejar para a Antártida surgiu por acaso. Foi por meio do seu perfil no Instagram destinado a meteorologia e navegação que ele conheceu o dono do barco que o levará para a Antártida. Cícero, um economista apaixonado pelo mar, assim como o meteorologista.

“Ele me chamou para velejar em um veleiro em Santos. No final do dia me chamou para tomar um café e falou que estava procurando gente com habilidades que somem na tripulação, como a meteorologia, e pessoas de boa convivência. Foi nesse momento que ele me chamou para fazer parte da tripulação. Poxa vida, foi aquele convite que você não sabe nem o que falar na hora. Eu estava nas nuvens com o convite, aquela oportunidade de vida”, contou todo feliz.

O sonho de velejar até a Antártida é antigo, desde a sua infância. O mar e a neve sempre estiveram presentes na sua vida, já que Giovanni morou em Recife com mais ou menos 10 anos de idade. Ele sempre ia à praia e no porto com o pai ver os navios. Anos depois, toda a família acabou se mudando para a Itália, por seu pai ser italiano. Foi nesta mudança da praia de Boa Viagem em Recife, para a neve dos Alpes, que ele conheceu a neve.

“Eu fiquei fascinado, como o clima podia proporcionar aquelas mudanças. Eu queria saber quando ia nevar, queria entender porque às vezes nevava, às vezes chovia”, disse. Nesse momento foi que despertou o fascínio de Giovanni pela meteorologia e também pelo frio e neve.

Morador de Lorena, o pesquisador possui um currículo extenso. Ele é doutor em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE (2012), Mestre em Meteorologia pela Universidade de São Paulo-USP (2003) e Bacharel em Meteorologia também pela USP (2000). Atualmente é pesquisador na área de Meteorologia no Cemaden.

Depois de estudar tanto e se especializar, o sonho de menino permanecia dentro dele. Alguns anos atrás, em Paraty, Giovanni resgatou o amor pelo mar, quando foi convidado para velejar por um amigo. Nesse momento, ele iniciou o curso de vela e passou a velejar. “Eu percebi o quanto a meteorologia era fundamental para aquela atividade e quanto as pessoas daquele meio podiam se beneficiar da meteorologia que eu já sabia”.

Por conta dessa percepção, ele criou o Instagram com dicas meteorológicas que foi visto pelo dono do barco que o convidou para a expedição. Coisas aleatórias da vida, que o levaram a realizar esse sonho que sempre esteve eu seu imaginário.

Agora, prestes a realizar, Giovanni está acompanhado de oito tripulantes na viagem até a Antártida. Entre eles, Marcão (comandante), Cícero (armador), Gabriel (1º imediato), Raimo (2º imediato), Barretta (alpinista), Kodja (documentarista), Waldemar (médico) e César (velejador), pessoas de diferentes áreas, mas unidas pela mesma paixão.

Durante o trajeto, será realizado a produção de um documentário sobre a viagem, contando sobre o planejamento, os desafios, a administração de riscos, o dia a dia a bordo e claro, mostrando a paisagem deslumbrante da Antártica.

A viagem começa no dia 25 de novembro, com saída do Guarujá, no litoral paulista, com destino a Ushuaia na Argentina até o Natal. No dia 1º de janeiro de 2024, eles partem rumo à Antártida. No início do mês de fevereiro os tripulantes retornam ao Brasil. Eles devem chegar ao país no final de fevereiro de 2024, um total de três meses de viagem.

A expectativa para a expedição é grande. O pesquisador diz estar muito animado e feliz. “É como se eu estivesse esperando e me preparando para esse momento, desde criança. Desde quando eu juntei o gosto pelo mar e descobri a neve e tinha vontade de juntar essas duas coisas, há 30 anos. Hoje é como se esse momento estivesse chegado. A expectativa é muito grande”, contou Giovanni.

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(Foto: Arquivo Pessoal)

O objetivo da expedição é realizar o desejo dos tripulantes de ir para a Antártida e superar o desafio de navegar em águas não tão tranquilas. Para isso, há uma preparação de longo tempo antes da viagem. O barco, por exemplo, está sendo reformado há três anos, para resistir ao impacto do gelo e navegar em baixas temperaturas. Além, dos equipamentos de segurança e alimentação que são planejados com antecedência. Segurança nunca é demais em uma viagem em alto mar de três meses.

Giovanni realiza a expedição durante as suas férias do Cemaden e brincou que depois de tanto tempo fora, não vai tirar recesso tão cedo. “Você volta uma pessoa melhor depois de realizar um sonho. E a experiencia em si, porque mesmo não sendo uma atividade da minha atual atividade no Cemaden, é meteorologia, que é minha profissão dentro do Cemaden. Então, ampliar minha visão dentro da minha área de conhecimento, indiretamente vai me trazer benefícios dentro da minha carreira”, disse o pesquisador.

Com seus conhecimentos meteorológicos, Giovanni acredita que irá orientar os melhores caminhos pelo mar para a expedição ter as melhores condições de navegação. O pesquisador irá levar seu notebook e com ajuda da internet banda larga, vai conseguir, de dentro do barco, fazer a previsão do tempo simultaneamente.

Quem quiser acompanhar a Expedição Antártica do Veleiro Polar Endurance 64, basta seguir o perfil @antartica.vpe64 no Instagram.

“O velejador e navegador diz bons ventos. Eu como meteorologista digo bons tempos. Então, bons ventos e bons tempos para nós”, concluiu Giovanni.

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