Um dos 25 mandados de busca e apreensão da Operação Spare foi cumprido na manhã desta quinta-feira (25) em Campos do Jordão. A ação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto e tem como alvo uma organização criminosa que, há mais de duas décadas, atua em um esquema milionário de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, exploração de jogos de azar e comércio de combustíveis adulterados em diversas regiões do estado.
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De acordo com a Receita Federal, a operação mobilizou mais de 100 agentes em ações simultâneas nas cidades de São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Osasco e Campos do Jordão. Não havia informações sobre o que foi apreendido na cidade do Vale do Paraíba até a publicação da reportagem.

Segundo as investigações, o grupo criminoso operava um sofisticado sistema de inserção de dinheiro ilícito no mercado formal por meio de postos de combustíveis, motéis, franquias e empreendimentos imobiliários. Parte das transações era realizada por meio de fintechs, maquininhas de cartão e estruturas de fachada, como Sociedades em Conta de Participação (SCP), dificultando o rastreamento dos valores.
Apenas no setor de combustíveis, foram identificadas empresas ligadas ao grupo que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas 0,1% desse valor em tributos federais. Também chamaram atenção as operações com franquias e motéis, das quais movimentações financeiras indicavam subfaturamento e distribuição elevada de lucros – em alguns casos, até 64% da receita declarada era repassada como lucro aos sócios, muitos deles “laranjas”. Um dos motéis, por exemplo, distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros após registrar R$ 6,8 milhões em receitas.

A Receita também apontou a compra de bens de luxo com dinheiro de origem ilícita, incluindo helicópteros, iate, carros de alto padrão como um Lamborghini Urus, além de terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões. Em uma das estratégias de ocultação de patrimônio, os investigados retificavam declarações antigas de Imposto de Renda, às vésperas da decadência, inserindo valores de bens sem declarar rendimentos correspondentes – o que, segundo os investigadores, teria inflado em R$ 120 milhões o patrimônio informado de membros da família do principal alvo.
Além da lavagem de dinheiro, a operação apura também o envolvimento do grupo com casas de jogos ilegais e a utilização de maquininhas ligadas a postos de combustíveis para movimentar recursos em nome de uma fintech. O cruzamento de dados financeiros revelou que os valores circulavam entre essas instituições para dificultar a identificação da origem criminosa.
A Operação Spare é uma ação conjunta entre Receita Federal, Ministério Público, Secretaria da Fazenda e Polícia Militar. Segundo os investigadores, os bens já identificados representam apenas cerca de 10% do patrimônio real dos envolvidos. As investigações seguem em andamento.
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