A notícia é daquelas que nos fazem respirar mais fundo e, quem sabe, desligar o próprio celular por um instante: a nova geração está, aos poucos, redescobrindo o prazer da vida off-line. Apesar de a Geração Alpha ter nascido com o celular na mão, ela está escolhendo se desconectar das telas para experimentar a vida real.
Uma nova pesquisa, realizada pela plataforma GWI sobre estilo de vida, aponta uma tendência notável e surpreendente: a geração de 12 a 15 anos, aqueles que já nasceram conectados, tem dedicado cada vez menos tempo às redes sociais. Segundo a análise feita em 18 países, com 20 mil jovens, 40% relataram preferir viver fora da internet. Dos pais ouvidos, 16% afirmaram que os filhos têm adicionado brinquedos em suas listas de desejos, enquanto 8% está optando por jogos de tabuleiro em detrimento de videogames.
São brincadeiras comuns às gerações mais velhas, costumes que se perderam com a chegada das redes sociais. E a ciência valida essa nostalgia: segundo o neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dr. Fernando Gomes, “Quando comparamos amarelinha, pega-pega, par ou ímpar, telefone sem fio, entre outras, com o mundo atual, que é muito mais online, conseguimos avaliar o quanto a chegada das telas comprometeu o desenvolvimento do cérebro.”
Não se trata de uma revolução completa; as telas ainda fazem parte da paisagem do cotidiano moderno. Mas essa diminuição no tempo gasto no celular sugere uma sutil, porém significativa, mudança de foco. É como se, exaustos da curadoria constante de suas próprias vidas virtuais, os jovens estivessem buscando uma autenticidade mais palpável, aquela que não precisa de filtro nem de likes para validar a sua existência. Este movimento de desconexão aparente pode ser um prenúncio do retorno à experiência crua e imediata.
Os dados frios da pesquisa se transformam, na prática, em cenas calorosas. Talvez seja o som de um skate rasgando o asfalto, a risada alta de uma piada interna que jamais será trend no TikTok, ou a satisfação de terminar um livro (de papel!) sem a interrupção constante das notificações. Eles estão trocando o scroll infinito pela profundidade de um mergulho na piscina ou na conversa.
Essa “fadiga digital” não é um fenômeno geracional isolado; ela nos atinge a todos. Mas quando a geração mais imersa na tecnologia começa a dar um passo atrás, é um sinal de que algo essencial está sendo resgatado. Eles estão aprendendo, talvez por puro instinto de sobrevivência emocional, que a vida a ser aproveitada não é aquela postada, mas sim a vivida.
E essa, é a melhor das boas notícias.



