Já estamos no segundo semestre de 2025, e o que mais tenho escutado em meu consultório é: “Nossa, este ano está passando tão rápido, não é?”. Mas será que o tempo é que realmente está voando ou somos nós que estamos acelerados demais?
Atualmente, fazemos tudo correndo. Mandamos áudios e ouvimos em velocidade 2x. Adoramos dizer que nossa agenda está uma loucura, que nossa vida está “na correria”. Sentimos orgulho das mil abas abertas no computador, na mente e falamos, quase como um troféu, que dormir é perda de tempo.
Lotamos nossos filhos de atividades extracurriculares e reforçamos a cultura da Mulher-Maravilha e do super-herói: aquele que faz mil coisas ao mesmo tempo, dorme tarde, come enquanto trabalha, vai à academia às 11 da noite e se enche de suplementos para dar conta da falta de tempo, inclusive para se cuidar.
O problema é que esse orgulho pela falta de tempo, que muitas vezes mascara uma necessidade de se sentir competente e “produtivo” tem nos custado caro. Nosso corpo sente, nossa cabeça pesa e dói, nossa saúde emocional enfraquece. E tudo isso, cedo ou tarde, nos adoecerá grave e silenciosamente.
A Organização Mundial da Saúde já nos alertou que o estresse crônico, a ansiedade e a exaustão mental estão entre as principais causas de afastamento do trabalho no mundo. A vida acelerada, ao contrário do que muitos pensam, não é sinal de sucesso e se parece mais com uma boa dose de falta de planejamento.
É claro que não dá para apertar o botão de pause em tudo. Mas é possível e necessário desacelerar em pequenas escolhas do nosso dia a dia. Mais do que possível, mudar o ritmo da nossa vida é uma questão de consciência, urgência e cuidado.
Parar também é sinal de sabedoria e produtividade. Descansar não é luxo, é autocuidado. E ouvir o que o corpo tenta dizer por meio da insônia, das dores, da irritação e do cansaço constante é um ato de amor e responsabilidade com você e com os outros.
Então, aqui vai um lembrete carinhoso meu para você: ainda faltam cinco meses para o ano acabar. Que tal parar e refletir sobre os motivos que mantêm você em modo acelerado? Será que desacelerar o assusta porque obriga a olhar para os caminhos que a sua vida tomou? Será que é fuga? Falta de organização? Excesso de exigência?
Os motivos sabemos que existem, mas precisam ser conhecidos. E depois de reconhecê-los, é preciso reorganizá-los, fazer escolhas que favoreçam uma vida mais leve, saudável e sustentável.
Se você não sabe por onde começar, aqui vão algumas sugestões que valem a pena:
• Acredite na sua capacidade de fazer boas escolhas. Escolha suas batalhas. Não encare todas.
• Reserve 5 minutos por dia para respirar de verdade — sem tela, sem tarefa.
• Revise sua alimentação e pergunte: estou nutrindo ou apenas enchendo?
• Olhe para o seu sono com carinho. Priorize-o. Ele é o alicerce da saúde mental.
• Questione a pressa: será que precisa mesmo ser agora? Por que estou correndo?
• Desmarque compromissos que não cabem mais na sua vida.
• Se puder, vá à terapia. Se não puder, comece com um caderno e faça algumas perguntas sinceras para si mesmo. Responda com a sua verdade.
A vida não é só sobre correr. É também sobre respirar, sentir e escolher com calma. Que tal transformar as pausas no seu novo jeito de seguir? Vai por mim: o mundo pode esperar um pouco.



