Temos a sensação de que dezembro chegou rápido e, junto, vieram os compromissos de fim de ano, as confraternizações, amigos secretos, agendas cheias. Apesar do clima festivo, pouco se fala da angústia, do desânimo e até da preguiça que muita gente sente nessa época.
O cansaço é real e tem motivo. Vivemos em um ritmo acelerado o ano inteiro e, quando chega o momento de fechar um ciclo, o corpo e a mente cobram a conta.
Ignorar esses sinais pode ser uma armadilha. A pausa de fim de ano não serve apenas para planejar o futuro, mas para entender o que aconteceu ao longo dos últimos meses, o que funcionou, o que se desgastou, o que precisa mudar e o que não queremos repetir.
Eu particularmente adoro fazer esse balanço, mas ele exige honestidade. É preciso reconhecer onde perdemos energia, o que nos tirou do eixo e o que nos travou. Mas também é importante identificar os pontos de apoio que tivemos, uma conversa que clareou o caminho, uma ajuda inesperada, um dia difícil que conseguimos atravessar. Esses pequenos episódios dizem muito sobre nossa capacidade saudável de viver a vida.
Nós da psicologia temos esse período como um momento natural de revisão. Não precisa ser profundo, nem dramático, basta ser verdadeiro. Em vez de buscar grandes conclusões, sugerimos olhar para a vida com mais nitidez, mais gentileza e menos cobrança.
E quando fazemos isso, percebemos que mesmo em um ano difícil, sempre existem elementos de abundância. Não a abundância idealizada, mas a real, a rotina que se manteve, as pessoas que estiveram presentes, os gestos simples que sustentaram os dias.
O final do ano não precisa ser uma competição por produtividade emocional. Ele pode ser um ponto de parada para reconhecer o que foi vivido com sinceridade e para nos abastecer de força para o ano que vem chegando.
Por isso, antes de pensar no próximo ciclo, permita-se um olhar atento para o que já aconteceu. Não é apenas sobre enumerar vitórias, mas sobre compreender e valorizar o percurso. Esse tipo de reflexão não resolve tudo, mas devolve perspectiva, valoriza nossa existência e, muitas vezes, é exatamente disso que precisamos para atravessarmos o final do ano com mais energia e saúde mental.



