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Seu filho sabe postar, mas ele sabe conviver fora das telas?

Cláudia Oliveira
Cláudia Oliveira
Psicóloga com formação em Terapia Cognitiva Comportamental, especialista em adolescência, adultos e orientação profissional. Neuropsicóloga, pós-graduada em orientação parental e inteligência emocional, Pós-graduanda em Psicopatologia e em Psicologia baseada em evidências. @psiclaudiaoliveira @adolescenciasimples
claudia oliveira

Eles postam, curtem, mandam mensagens e vivem conectados. Têm muitos amigos no mundo virtual, estão sempre com o celular na mão e parecem dominar o mundo digital.

Mas, na hora de conversar olho no olho travam e não demonstram ser pessoas que sabem se relacionar.

Olha que ironia: a geração que mais se comunica digitalmente talvez seja a que mais sofre para conviver na vida real. E não é por birra, nem por falta de educação é porque eles não aprenderam a conviver no presencial.

Por um tempo, eu mesma achei que fosse coisa da adolescência. Mas tenho visto jovens que crescem sem desenvolver habilidades sociais básicas — e viram adultos com dificuldade de se relacionar, conversar, sustentar uma escuta ou lidar com um simples silêncio.

Estamos diante de um processo preocupante: o empobrecimento das habilidades sociais.

E esse tipo de habilidade não se aprende em curso, nem com vídeo de autoajuda. Só nasce com a prática. Convivência se constrói escutando, esperando, sustentando uma conversa, trocando olhares.

Segundo uma pesquisa do Instituto Papo de Homem, 60% dos jovens dizem se sentir mais à vontade no ambiente virtual do que em interações presenciais. E 40% relatam ansiedade só de pensar em uma conversa ao vivo.

Com menos tempo de convivência real e mais tempo nas redes, crianças e adolescentes estão crescendo com poucas ferramentas emocionais e isso traz consequências que parecem pequenas, mas não são.

Mas que tipo de consequência?

– Ansiedade social, que impede interações simples do dia a dia, como pedir informação ou apresentar um trabalho na escola.
– Dificuldade de fazer e manter amizades e resolver conflitos.
– Baixo desempenho escolar e desinteresse pelo aprendizado acadêmico.
– Dificuldade no mercado de trabalho, onde saber conviver em equipe e se comunicar é tão importante quanto ter conhecimento técnico.
– Relações afetivas superficiais ou dependentes do virtual, que aumentam frustrações e solidão.
– E ainda o risco de dependência emocional e digital, quando a única zona de conforto é uma tela.

Eu sei que não está fácil pra nenhum pai ou mãe lidar com isso. A gente também está cansado, vive ocupado, depende do celular pra trabalhar, se distrair, ou até respirar um pouco no meio do caos.

Mas tem uma coisa que não dá pra ignorar: se nós não formos exemplo de convivência real, dificilmente eles se tornarão adultos com equilíbrio emocional e boas relações interpessoais.
A boa notícia? Dá pra mudar.

Sem rigidez, sem culpa, sem pânico. Com pequenas ações conscientes, dentro da sua casa, no seu ritmo.

“Tá, mas por onde eu começo?” Comece por você.

✔️ Crie rituais sem tela: perceba o quanto você mesmo usa o celular. Estabeleça momentos fora do virtual no seu dia e, depois, inclua seus filhos. Faça refeições em família, sugira leituras, passeios ao ar livre, conversas antes de dormir. Mostre que a vida fora das telas também tem graça.
✔️ Promova encontros reais: incentive visitas entre amigos, tempo com avós, vizinhos ou primos — vínculos fora do digital.
✔️ Fale sobre o que sente: diga ao seu filho que você está preocupado com o excesso de conexão virtual e pergunte o que ele pensa disso. Escute de verdade. Traga conteúdos que façam sentido para a idade dele. Peça sugestão a ele de como vocês podem equilibrar a vida fora e dentro das telas.
✔️ Deixe o tédio existir: ele é parte do desenvolvimento emocional. Não tente preencher todo o tempo com distrações. Aprender a ficar consigo mesmo é essencial.

Não desanime diante do primeiro obstáculo. Nenhuma mudança acontece da noite pro dia. Mas cada passo conta.

Insista, mesmo que pareça difícil no começo. Porque cuidar disso agora é uma das formas mais potentes de preparar seus filhos para o futuro — um futuro que pode até ser cada vez mais digital, mas que ainda é feito de gente de verdade.

E gente de verdade precisa de vínculo, presença e convivência real.

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