SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cerca de um a cada três moradores da cidade São Paulo (35% do total) já teve o celular roubado, sendo que 16% foram alvos de ladrões mais de uma vez. Além disso, 18% das vítimas tiveram o aparelho levado por alguém em cima de uma bicicleta, modalidade de furto praticada pela chamada gangue da bike.
Os dados fazem parte de pesquisa Datafolha realizada na capital paulista na primeira semana de março. O levantamento ouviu 1.090 pessoas e apontou também o perfil de quem é alvo dos ladrões de celular com mais frequência. As vítimas mais recorrentes são pessoas entre 25 e 34 anos (51% de quem tem essa faixa etária já foi roubado) e quem tem renda de cinco a dez salários mínimos (41%).
A margem de erro geral é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Morar na região central da cidade é um risco para se tornar alvo desse tipo de crime. Segundo a pesquisa, os habitantes dessa região relataram mais casos do que os que vivem em outras áreas.
Entre os entrevistados que moram no centro, 45% disseram já terem sido roubados; o percentual cai para 38% entre quem vive nas zonas oeste e leste e para 35% entre os habitantes da zona sul. A zona norte (27%) aparece com menos frequência nos registros de roubos de celular.
As vítimas da gangue da bike também estão mais no centro: 26% dos entrevistados que moram na zona central disseram ter tido o celular levado por ladrão em bicicleta. Já entre os moradores da zona sul o índice cai para 14%.
Enquanto a proporção de vítimas de roubo de celular é igual entre os gêneros, no caso da gangue bike a taxa é maior entre mulheres (22%) do que entre homens (14%).
Os ladrões de bicicleta movimentaram entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões na região central da capital paulista nos últimos quatro anos, segundo investigação da Polícia Civil. Os acusados de liderar o esquema de receptação foram presos no Brás, na região central, na semana passada.
Uma investigação de 2022 encontrou tabelas de preços de acordo com o modelo roubado. Um iPhone 13, por exemplo, que custa a partir de R$ 5.499 na loja virtual da marca Apple, rende R$ 800 ao criminoso. Um iPhone 7, mais antigo e já fora de linha, R$ 150.
Pontos onde há maior circulação de pedestres, o que aumenta a probabilidade de encontrar pessoas distraídas com o aparelho nas mãos, são os preferidos desses grupos. As ocorrências acontecem com mais frequência na avenida Paulista, praça da República e ruas do Brás e no entorno da rua 25 de março (ambos pontos de comércio popular), de acordo com dados da Polícia Militar.
Os aparelhos são arrancados das mãos de seus donos com frequência também pela chamada gangue da pedrada, que aproveita o congestionamento para quebrar vidros e abordar motoristas e passageiros de carros de aplicativo e táxis.
No início de março, uma vítima de 35 anos que pediu para não ser identificada foi surpreendida por um homem que quebrou o vidro do passageiro no táxi onde estava, em uma rua próxima da praça 14 Bis (no centro), e roubou o aparelho. No momento do ataque ela avisava sobre sua localização à amiga que ia visitar.
A vítima mora nos EUA e estava em São Paulo visitando amigos e parentes. Segundo ela, em questão de 20 minutos suas contas bancárias foram invadidas.
Outra mulher perdeu o celular da mesma maneira e no mesmo ponto da cidade algumas semanas antes. A pesquisadora, que também não quis se identificar, estava em um carro de aplicativo quando foi atingida por estilhaços do vidro. A janela foi quebrada pelo ladrão, que levou o celular que ela segurava na mão.
Entre os entrevistados que avaliaram a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) como ruim ou péssima, 42% disseram terem sido alvo de ladrões de celular. Entre os que consideram ótimo ou bom o governo municipal, o índice cai para 35%.
No contexto das eleições municipais a serem realizadas em outubro, os paulistanos que declararam intenção de voto em Maria Helena (Novo) foram os que mais disseram terem sido alvo dos ladrões de celular: 44%. Na sequência estão os que declararam voto em Kim Kataguiri (União Brasil), com 38%; Guilherme Boulos (PSOL), com 37%; Nunes, com 33%; e Tabata Amaral (PSB), com 28%.
MARIANA ZYLBERKAN / Folhapress