SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma em cada quatro rodovias brasileiras está com seu estado geral ruim ou péssimo. A avaliação consta em pesquisa publicada nesta terça-feira (19) pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes).
O levantamento analisou 111.853 km de vias pavimentadas, o que corresponde a 67.835 km da malha federal e a 44.018 km dos principais trechos estaduais.
De acordo com a pesquisa CNT Rodovias de 2024, apenas 7,5% das estradas avaliadas tiveram o estado geral ótimo. O maior percentual de avaliação foi regular (40,4%). De todas elas, 25,5% foram consideradas boas.
Na comparação com 2023, diminuiu o percentual de estradas ótimas -de 111.502 km avaliados no ano passado, 7,9% tinham essa avaliação.
A maioria das vias brasileiras avaliadas é composta por pistas simples de mão dupla, totalizando 94.848 km, o que representa 84,8% da extensão total.
A pesquisa foi produzida em conjunto com o Sest (Serviço Social do Transporte) e com o Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte).
A classificação de estado geral compreende pavimento, sinalização e a geometria da via.
De acordo com os dados, a malha brasileira se estende por mais de 1,5 milhão de km. No entanto, somente 12,4% é pavimentada, o que corresponde a 213,5 mil km.
Apenas 2,7% das rodovias públicas, que correspondem a 74% da extensão avaliada, estão em ótimo estado. No caso das concedidas à iniciativa privada, o número cresce para 21,4%.
Na análise da pesquisa, a CNT estima que serão necessários quase R$ 100 bilhões em investimentos nas estradas brasileiras.
“A melhoria da infraestrutura de transporte é um processo de longo prazo, que exige constância e comprometimento”, diz Vander Francisco Costa, presidente da CNT.
Segundo o documento de 225 páginas, os 45.263 km classificados como regular estão à beira de deterioração mais severa, exigindo manutenção urgente para evitar seu agravamento.
“Isso significa que, sem intervenções adequadas e tempestivas de manutenção, estes trechos possivelmente migrarão para as categorias ruim ou péssimo”, afirma o relatório.
Também há uma predominância de desgaste em 55,8% da extensão total avaliada (62.278 km).
A pesquisa afirma que a má qualidade da condição da superfície do pavimento pode ser percebida facilmente pelo usuário da via, afetando diretamente o seu conforto, e pode estar ligada à ausência de manutenção.
Ao longo dos anos, aponta, a evolução da malha pavimentada tem sido insuficiente para acompanhar as crescentes demandas para escoamento da produção nacional e para abastecimento interno.
“Entre os anos de 2013 e 2023, considerando apenas as rodovias sob jurisdição federal, houve um aumento de modestos 2,2% das rodovias pavimentadas”, diz a pesquisa.
De acordo com ranking da pesquisa, apenas oito rodovias são consideradas ótimas. Todas ficam na região Sudeste (sete são de São Paulo e uma do Rio de Janeiro) e somente a rodovia Dr. Elyeser Montenegro Magalhães (SP-463), no trecho entre Ouroeste e Clementina, no interior paulista, tem gestão pública, ou seja, não foi concedida à iniciativa privada.
Não há nenhuma rodovia federal classificada como ótima.
A primeira colocada do ranking é a rodovia Raposo Tavares (SP-270), no trecho de 272 km entre Presidente Epitáfio e Ourinhos, também no interior de São Paulo.
Entre as estradas com piores avaliação, 22 foram consideradas péssimas, sendo que destas, sete são do Nordeste, seis do Sul e quatro do Norte do país.
No levantamento de pontos críticos, que abrange situações incomuns ao longo da via que podem representar riscos à segurança dos usuários, houve redução de 7,6% dos locais avaliados na comparação com a edição anterior da pesquisa, passando de 2.648 ocorrências, em 2023, para 2.446 em 2024.
O texto afirma que a necessidade de infraestrutura adequada torna-se ainda mais evidente quando comparada à de países vizinhos ou de dimensões similares.
Em termos de densidade de rodovias pavimentadas, o Brasil conta com aproximadamente 25,1 km, destas estradas por mil km² de território. Em contraste, aponta o documento, outros países da América Latina, como Uruguai, Argentina e Equador, apresentam, respectivamente, densidades de 43,9, 42,3 e 31,4 km por mil km² de área.
China, Estados Unidos e Austrália -países com dimensões similares às do Brasil-, por sua vez, possuem 477,0, 437,8 e 94 km de rodovias pavimentadas por mil km², respectivamente, também de acordo com o estudo da CNT.
RODOVIAS AVALIADAS COMO ÓTIMAS
Estrada – Estado – Início e fim – Gestão – Extensão (km)
Raposo Tavares (SP-270) – SP – Presidente Epitácio a Ourinhos – Concessão – 272
Rodovia dos Tamoios (SP-099) – SP – S. José dos Campos a Caraguatatuba – Concessão – 98
Engenheiro Paulo Nilo Romano (SP-225) – SP – Itirapina a Sta. Cruz do Rio Pardo – Concessão – 225
Rodoanel Mário Covas (SP-021) – SP – São Paulo a Arujá – Concessão – 137
Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) – SP – Cordeirópolis a São Paulo – Concessão – 157
Via Lagos (RJ-124) – RJ – Rio Bonito a São Pedro da Aldeia – Concessão – 57
Dr. Elyeser Montenegro Magalhães (SP-463) – SP – Ouroeste a Clementina – Pública – 192
Marechal Rondon (SP-300) – SP – Castilho a Jundiaí – Concessão – 608
FÁBIO PESCARINI / Folhapress