PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Três dias após o forte temporal que atingiu o Rio Grande do Sul na terça-feira (16), 241 mil imóveis seguiam sem energia elétrica nesta sexta (19).
O dia foi de protestos em diferentes bairros de Porto Alegre pela retomada do abastecimento, a maioria de moradores que interromperam o trânsito de suas ruas para chamar a atenção das autoridades. Ao final da tarde, representantes de movimentos estudantis e sindicais protestaram em frente à prefeitura e marcharam pelo Centro Histórico.
Conforme o governo do RS, que passou a unificar a divulgação dos dados, às 18h, a CEEE Equatorial, concessionária que atende majoritariamente Porto Alegre, tinha 97.364 clientes sem luz, enquanto a RGE Sul, que atende cidades do interior e parte da região metropolitana da capital, tinha 144 mil pontos.
Ainda conforme o boletim do governo, as operadoras Vivo e TIM tinham respectivamente 23 e 11 municípios com problemas nos serviços de telefonia e internet. A Claro anunciou ter restabelecido o serviço. Um novo boletim será divulgado neste sábado (20), às 8h.
O número de clientes em luz reportados pela CEEE Equatorial aumentou das 12h para as 18h em 15.254 em vez de diminuir.
Pela manhã, muitas das reclamações em redes sociais contra a concessionária alegavam que o protocolo de atendimento havia sido encerrado, mas que a luz não havia retornado. Ao final da tarde, a quantidade de imóveis pendentes foi ajustada.
Em entrevista coletiva nesta sexta, o diretor-presidente da CEEE Equatorial, Riberto Barbanera, estimou o restabelecimento total dos serviços, na melhor das hipóteses, até domingo. Equipes da empresa de outras partes do Brasil foram trazidas ao RS.
Em razão deste evento e de outros ocorridos em 2023, quando o RS passou por três enchentes, a atuação da CEEE Equatorial, privatizada em 2021, está sob forte pressão.
A Defensoria Pública do RS notificou a empresa, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) emitiu nota dizendo que acompanha a situação e duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) podem ser instaladas, uma na Câmara Municipal e outra na Assembleia Legislativa.
O governador do RS, Eduardo Leite (PSDB) mencionou a possibilidade de rever a concessão caso a empresa não melhorasse sua “relação com as autoridades e com a sociedade”.
O diretor da empresa disse que o plano de contingência da CEEE Equatorial, que teria sido apresentado à Aneel em dezembro, será revisto. Barbanera rejeitou que a empresa de energia gaúcha tenha piorado após ser adquirida pelo Grupo Equatorial e atribuiu parte dos problemas à gestão anterior:
“Não vamos transformar em dois anos o que se deteriorou em 50 anos”, disse.
O principal problema em Porto Alegre é a queda de centenas de árvores e galhos sobre fios e postes, que exige um trabalho coordenado entre prefeitura e concessionária para fazer os reparos. Segundo a prefeitura, o recolhimento total dos pedaços de árvores derrubados pelo temporal pode chegar a um mês.
A queda de uma árvore também impediu a operação de uma unidade de saúde em Porto Alegre na manhã desta sexta. São quatro com o funcionamento comprometido desde quarta (17).
Em razão da falta de energia elétrica, também há comprometimento no abastecimento de água em 25 bairros de Porto Alegre. Segundo o Departamento Municipal de Água e Esgotos da cidade, após o restabelecimento da energia, o fornecimento de água ainda poderá demorar até 48 horas para ser normalizado.
Conforme a Defesa Civil do RS, são 417 pessoas desalojadas e 60 municípios atingidos pelo temporal, 21 em situação de emergência, incluindo Porto Alegre. Um homem morreu após ser atingido pela marquise de um supermercado em Cachoeirinha.
CAUE FONSECA / Folhapress