SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nas duas últimas semanas, 61% dos hospitais privados paulistas registraram aumento de internações por dengue. As internações se referem tanto àquelas em leitos de enfermaria quanto à UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Os casos com suspeita de dengue atendidos nos pronto-socorros e serviços de urgência subiram 60%, afirmam os respondentes. Segundo 77% dos hospitais consultados, o tempo médio de internação de pacientes com dengue é de 4 dias.
Cerca de um terço (27%) dos hospitais indicou aumento de internações por dengue e Covid. Nas duas últimas semanas, o número de internações em leitos de UTI por dengue subiu 5% para 58% dos hospitais consultados e de 51% a 70% para 17% dos serviços de saúde consultados -um décimo dos respondentes classificou o aumento entre 6% e 10%.
A pesquisa foi realizada de 1 a 10 de abril com 95 hospitais do serviço privado no estado de São Paulo.
Em contraste, houve uma queda nos novos atendimentos e internações por Covid em relação à pesquisa anterior, de 29 de fevereiro a 10 de março, quando 18% dos hospitais indicavam aumento de dengue e 71% de dengue e Covid.
A demanda em unidades de pronto-atendimento por suspeita de dengue no período anterior era de apenas 14%, segundo os hospitais.
No mês passado, apenas 26% dos hospitais registraram aumento de 5% de internações em UTI, enquanto 15% deles informaram aumento de 6% a 10%.
Os dados são de um levantamento do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo), com informações de 95 hospitais da capital e Grande São Paulo até o dia 10 de abril.
A taxa de positividade para dengue também cresceu na nova pesquisa. Para 30% dos hospitais, o aumento de casos positivos foi de 31% a 50%, enquanto 31% apontaram um aumento de 11% a 20%. Um crescimento de 5% na positividade foi apontado por 46% dos hospitais que participaram da pesquisa. Os pacientes com resultado positivo para dengue tinha, em média, 30 a 50 anos, relatam 53% dos hospitais -faixa etária para a qual não há vacinação contra a dengue disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).
Segundo Francisco Balestrin, presidente da Fehoesp (Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) e do SindHosp, a pesquisa aponta o aumento de dengue e a queda de Covid nos últimos 15 dias. “As altas temperaturas e a falta de repelentes para todos provavelmente contribuíram para o crescimento da dengue nos hospitais. Registramos filas de espera e demora no atendimento por conta da alta demanda de pacientes”, disse.
Do dia 1º de janeiro até esta quinta-feira (11), o estado de São Paulo já registrou 262 mortes por dengue. Outros 559 óbitos estão em investigação. Em todo o estado, já foram registrados 526.478 casos confirmados.
A espera por atendimento em UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) da capital chegou a oito horas na última quinta-feira (11). A reportagem da Folha esteve em três unidades da capital, onde encontrou superlotação, pacientes com sintomas de dengue grave aguardando por horas e desistência de pessoas sem receber atendimento médico.
Redação / Folhapress