67% dizem ainda não ter escolhido candidato a vereador em SP, diz Datafolha

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pesquisa Datafolha mostra que 67% dos eleitores ainda não decidiram seu voto para vereador em São Paulo.

Os grupos com maiores índices de indecisos são o de jovens de 16 a 24 anos (75%) e o dos que pretendem votar em José Luiz Datena (PSDB) para prefeito (85%).

Quando se olham os partidos, o nível de indecisão é de 60% entre os apoiadores do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os eleitores com afinidade com as legendas de esquerda PT e PSOL, chega a 67% e 66%, respectivamente. E, no grupo dos que não têm um partido de preferência, 71%.

O levantamento também aponta que 56% dos paulistanos dizem não se lembrar em quem votaram para a Câmara Municipal em 2020. Outros 29% afirmam que recordam, dos quais 36% pretendem escolher o mesmo nome. Já 15% declaram não ter ido às urnas na ocasião.

A porcentagem de esquecimento do voto é maior entre mulheres (61%, ante 51% dos homens) e entre os mais pobres, com renda mensal familiar de até dois salários mínimos (62%, ante 49% entre os que ganham mais de cinco salários). Em relação aos partidos, o índice numericamente mais elevado dos que apontam se recordar de seu candidato é o de eleitores que preferem o PSOL, na faixa dos 62%.

A indiferença com relação ao próprio voto para vereador contrasta com o nível de importância que a população diz dar ao cargo: 87% concordam (totalmente ou em parte) que “o voto para vereador é tão importante quanto o voto para prefeito” e 89%, que “o prefeito precisa ter o apoio dos vereadores para ser bem-sucedido”.

O Datafolha entrevistou 1.610 moradores da cidade de terça-feira (24) até quinta-feira (26), faltando menos de duas semanas para a eleição. Encomendado pela Folha, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-06090/2024 e tem margem de erro geral de dois pontos percentuais, para baixo ou para cima.

Com 55 cadeiras, a Câmara Municipal paulistana é a maior do país. Estão inscritos 1.016 candidatos, quase metade dos 2.002 registrados em 2020, já que agora há um limite de 56 candidatos por legenda. No pleito passado, o total de postulantes disparou por causa do fim das coligações partidárias.

Neste ano, a expectativa é que partidos nanicos e a fragmentação diminuam ainda mais nos Legislativos municipais brasileiros. Isso porque a reforma eleitoral levada a cabo nos últimos anos fez candidatos migrarem de siglas menores para maiores, em busca de tempo de propaganda e verbas.

A maioria dos eleitores em São Paulo indica que prefere votar em vereadores do bairro ou da região onde moram: 63% concordam total ou parcialmente com essa frase, enquanto 33% discordam em algum grau e outros 3% não concordam nem discordam.

Entre os que dizem já saber em quem vão votar, 43% afirmam que o nome será da mesma coligação do seu candidato a prefeito, sendo que esse percentual é de 61% entre votantes de Guilherme Boulos (PSOL) e de 57% entre apoiadores de Ricardo Nunes (MDB).

Ainda segundo o Datafolha, 83% concordam que “a principal função dos vereadores é fiscalizar as ações e gastos da prefeitura”, mas 87% nunca entraram em contato ou buscaram ajuda de algum vereador na cidade. Dentre os 13% que já o fizeram, 8% afirmam ter sido atendidos ou tido algum retorno.

Uma outra pesquisa realizada em julho mostrou que o número de mulheres e negros nas Câmaras Municipais ainda é considerado insuficiente pela maioria dos eleitores em quatro capitais brasileiras -São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife.

Ao mesmo tempo, cerca de 8 em cada 10 dos entrevistados disseram na época que o gênero e a cor de um candidato não fariam diferença na hora de escolher um prefeito ou prefeita nestas eleições.

As pesquisas do Datafolha fazem parte de uma série de iniciativas da Folha de S.Paulo para ampliar o conhecimento do eleitor sobre a disputa à Câmara Municipal paulistana. O jornal realizou três debates com candidatos a vereador na última semana e também lançou a plataforma Match Eleitoral 2024.

A ferramenta funciona como um aplicativo de relacionamentos, “dando match” entre o leitor e os concorrentes ao cargo de acordo com as respostas de ambos a um questionário de 15 perguntas. Outras reportagens sobre o assunto podem ser encontradas na página Legislativo Municipal.

JÚLIA BARBON / Folhapress

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