SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmaram na tarde desta sexta-feira (21) que o coronel da reserva Ricardo Mello Araújo (PL) ocupará a vice na chapa do emedebista em busca da reeleição na cidade de São Paulo. O anúncio coube ao governador.
O ex-Rota foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se manteve irredutível a respeito da escolha, apesar da insatisfação no entorno do prefeito. Tarcísio, que antes defendia a autonomia de Nunes, passou a endossar o padrinho político e tomar as rédeas da definição.
Um ponto que será usado pela oposição contra a campanha de Nunes é uma declaração de Mello Araújo na qual defendeu a diferença de tratamento em abordagens policiais nos Jardins (área nobre de São Paulo) e na periferia.
“É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse ao UOL em 2017.
Na ocasião, ele havia assumido como chefe da Rota, batalhão de elite da PM paulista também conhecido pelo alto grau de letalidade e relatos de violência policial.
Aliados de Nunes tem receio de que a escolha de Mello Araújo como vice leve o eleitor a associar a pauta da segurança pública a uma responsabilidade do prefeito, e não do governador. Como mostrou o Datafolha, para 23% dos paulistanos, o maior problema da cidade é a segurança. Nunes quer evitar ser fustigado com base no tema.
Integrantes de partidos da coligação também citam um grande receio sobre o impacto da presença do coronel da reserva na periferia. Aliados se preocupam, inclusive, se o crime organizado permitirá que Mello Araújo faça campanha em certos locais dominados pelo tráfico.
As campanhas de Boulos e Tabata Amaral (PSB) comemoraram a escolha de Mello Araújo. Eles avaliam que a indicação amarra Nunes a Bolsonaro e ameaça os votos do prefeito entre os eleitores moderados.
Já a pré-campanha do prefeito tentará explorar o apelo da gestão do coronel da reserva à frente da Ceagesp, defendendo que ele lançou mão de ações de combate à corrupção crônica no local. Não deve ser mencionada sua atuação como chefe da Rota, batalhão de elite da PM conhecido pela alta letalidade em suas ações.
Para aliados, o oficial da reserva da Polícia Militar foi o responsável por colocar ordem no centro de distribuição durante o governo Bolsonaro. Por outro lado, sua gestão é acusada por sindicalistas de militarizar o espaço e promover abusos.
Redação / Folhapress