BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) afirmou nesta quinta-feira (27) que será aceito “qualquer nome” definido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o comando do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O governo petista escolheu o economista Marcio Pochmann, filiado ao PT, como o novo presidente do órgão. A decisão foi tomada mesmo em meio a resistências de uma ala do Ministério do Planejamento.
“O nome será oficializado no momento certo depois da conversa que teremos na semana que vem com o presidente Lula. Acataremos qualquer nome que venha”, disse Tebet.
“O nome já está posto? Já está posto. Será esse? Confirmei com a Casa Civil, confirmei com o ministro [Alexandre] Padilha [Relações Institucionais] se era o nome que estavam mencionando, eles confirmaram que sim”, acrescentou.
Poucas horas antes do anúncio feito pelo ministro Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), na quarta (26), Tebet afirmou que ainda não havia conversado com o presidente Lula sobre o assunto. Nesta quinta, ela chamou a situação de “desencontro de informações”.
“Foi um desencontro de informações de o ministro das Comunicações ter achado que o nome [de Pochmann] já estava pronto para ser anunciado, quando eu teria, e ainda terei, uma conversa com o presidente Lula na semana que vem”, disse.
Segundo a titular do Planejamento, já havia um consenso tanto na sua pasta quanto no Palácio do Planalto de que seria feita “no momento oportuno” a troca do presidente do IBGE. A ministra contou também que, dias antes do anúncio do governo, foi avisada de que Lula gostaria de fazer uma escolha pessoal em relação à presidência do IBGE.
“Naquele momento, não perguntei por nomes e muito menos o faria porque acho mais do que justo esse pedido”, afirmou. “Nada mais justo do que atender ao presidente Lula, independente do nome que ele apresentaria, que ele ainda não havia me apresentado”, acrescentou.
Tebet disse que irá na semana que vem, quando a agenda permitir, marcar uma reunião com Pochmann para ouvi-lo e ter uma conversa “técnica”, sem pré-julgamentos. “Agora sei o nome dele e terei o maior prazer de atender, portanto, ao pedido do presidente Lula.”
“Tem um lado que tem falado bem, tem outro lado que tem feito questionamentos. Não quero saber do passado, quero saber do presente”, afirmou. “A conversa será técnica. Ele será tratado como técnico e será muito bem-vindo para a nossa equipe. Continuará no IBGE enquanto estiver atendendo aos interesses da sociedade brasileira.”
Como a Folha de S.Paulo mostrou, Tebet disse a interlocutores que não iria impor obstáculos à nomeação de Pochmann. Na visão dela, não há risco de ingerência política na instituição diante do diagnóstico de que o órgão é técnico e “caminha sozinho”.
Pochmann ocupou a presidência do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 2007 a 2012, gestão que teve registros de polêmicas, com acusações de aparelhamento político à época.
A administração do economista filiado ao PT no instituto de pesquisa foi vista à época como intervencionista, com cobranças internas por alinhamento ideológico.
Ele também foi presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, de 2012 a 2020, e foi coordenador do programa econômico da campanha petista à Presidência em 2018. Na ocasião, disse que o partido tinha a missão de recuperar a indústria do país em quatro anos.
A indicação de Pochmann ocorre em meio à divulgação dos resultados do Censo Demográfico, a principal pesquisa do IBGE. Desde o início de janeiro, o órgão vem sendo comandado por Cimar Azeredo, que assumiu a presidência de maneira interina após a exoneração do economista Eduardo Rios Neto.
Azeredo, que é reconhecido pela trajetória dentro do instituto, foi elogiado por Tebet. “Um presidente técnico, que cumpriu uma missão exemplar, sem nenhum ruído, conseguindo fazer de um limão uma grande limonada ao apresentar para o Brasil o Censo”, disse.
A contagem da população, referente a 2022, foi marcada por uma série de atrasos em meio à pandemia e à restrição de verba no governo Jair Bolsonaro (PL).
NATHALIA GARCIA / Folhapress