RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Seis anos se passaram desde que Débora Falabella participou de sua última novela, “A Força do Querer”. De lá para cá, dedicou-se ao teatro com a sua companhia, Grupo 3, às séries (“Nada Será Como Antes”, “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, “Aruanas”), e também à preparação para sua personagem na novela “Terra e Paixão” (Globo).
Ela interpreta Lucinda, uma mulher que, se por um lado é forte o suficiente para se impor num ambiente masculino como o da cooperativa agrícola que gerencia, por outro, sofre calada ao ser agredida com frequência pelo marido, Andrade (Ângelo Antônio).
“O que mais me impressionou durante as pesquisas foi a dificuldade que essas mulheres têm para saírem de relações assim. Tipo oito, dez anos. É muito triste essa dependência emocional”, diz. Lucinda vai, aos poucos, tomando coragem para enfrentar seu agressor. Ela passará por “todas as fases”, segundo Débora, pelas quais as vítimas de violência doméstica costumam passar. A primeira delas, o revide, já aconteceu. “Lucinda é interessante e real, gera identificação”. Leia a seguir a entrevista da atriz à Folha de S.Paulo:
PERGUNTA – Lucinda é uma personagem diferente na sua carreira?
DÉBORA FALABELLA – Acho que sim… Pensando bem, é sim, porque é a primeira que tem uma temática forte e atual relacionada à violência doméstica, o apego ao casamento ruim, mas ela está lá… Vejo a Lucinda como uma personagem muito interessante e real.
P. – Em um capítulo recente, ela revidou uma agressão do marido, mas as humilhações continuam. Quando tomará uma decisão definitiva? DF – Ainda temos muitos capítulos pela frente, a novela vai até o final do ano e entendo que exista uma ansiedade por parte do público. É uma história que vai ser contada no tempo que ela precisa ser contada.
P. – E qual seria este tempo?
DF – A Lucinda vai passar por todos as fases que uma mulher passa quando sofre violência doméstica.
Que fases? Você pesquisou sobre o assunto… (interrompendo) Sim, sim! E o que mais me impressionou foi a dificuldade que as mulheres têm para saírem de relações assim, sabe? Tipo oito, dez anos…. É uma tristeza essa dependência emocional.
P. – Relações abusivas não são novidade na ficção nem na vida real. Como é esta questão para você?
DF – Nunca vivi nada violento, mas sei de pessoas bem próximas que passaram por violência doméstica. Acho super importante e válido quando você tem na TV uma personagem que gera uma identificação assim. Não sei se incentiva as pessoas a saírem daquela situação, mas pelo menos é uma sementinha que está sendo colocada, através de uma história que está sendo contada.
P. – Lucinda vem sendo incentivada pelo delegado Marino Guerra (Leandro Lima) a denunciar o marido. O público torce para eles ficarem juntos?
DF – Acho que a torcida é mesmo para a Lucinda ser feliz. Seja sozinha ou acompanhada, mas por alguém que trate bem essa mulher tão bacana, boa profissional e mãe dedicada.
P. – Você é uma pessoa bastante reservada. Como encara essa onda de podcasts confessionais, em que celebridades contam suas intimidades?
DF – Acho os podcasts um perigo (risos). Já neguei vários convites porque você começa falando ali como se estivesse em uma sala e quando vai ver, falou demais. Gosto de deixar a minha vida mais no íntimo. Acho que quem participa de um podcast tem que tomar cuidado e lembrar que não está em um divã de um terapeuta (risos). Pode parecer uma conversa íntima, mas milhares de pessoas estão ouvindo do outro lado. Eu, hein!
P. – Você é workaholic?
DF – Sou. Trabalhar com o que a gente ama tem esse problema, né? A gente não para de pensar, não consegue se desligar de novos projetos.
ANA CORA LIMA / Folhapress