SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar começou o dia próximo da estabilidade com os investidores cautelosos antes de decisões de política monetária no Brasil, nos Estados Unidos e no Japão.
Às 9h07, a moeda norte-americana caía 0,07%, cotada a R$ 5,6218. Nesta quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) e o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) anunciam a taxa de juros, assim como o Banco do Japão.
Na segunda-feira (29), o dólar fechou em queda de 0,56%, cotado a R$ 5,625, e a Bolsa recuou 0,42%, aos 126.953 pontos.
O dia foi marcado pela expectativa em torno das reuniões de política monetária dos bancos centrais, além de cautela após o Boletim Focus indicar alta nas projeções de inflação ao final do ano.
Analistas consultados pelo BC (Banco Central) preveem que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) irá fechar 2024 em 4,10%, ante avanço de 4,05% na semana anterior. Em 2025, a projeção é de que o índice chegue a uma alta de 3,96%, ante 3,90%.
Especialistas consultados pela Folha de S.Paulo esperam que a taxa básica de juros do país seja mantida no patamar de 10,50% ao ano pela segunda vez consecutiva.
O foco, porém, estará voltado ao tom do comunicado do comitê. A deterioração do cenário econômico e a desancoragem da inflação podem levar a sinalizações de que uma alta nos juros em decisões futuras não está descartada, afirmam analistas.
O Copom se reúne entre hoje e quarta-feira, assim como o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano). As decisões de ambas as autarquias serão conhecidas amanhã, em data apelidada de “super quarta” pelos mercados.
Especialistas esperam que o BC dos EUA também mantenha a taxa de juros inalterada, na faixa de 5,25% a 5,50%. A atenção estará em acenos para reuniões futuras, conforme operadores passaram a apostar que um corte acontecerá no encontro de setembro. A probabilidade disso acontecer chegou a 95% na ferramenta CME FedWatch, que monitora as apostas do mercado quanto à política monetária dos EUA.
Quanto mais o banco central norte-americano cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries títulos ligados ao Tesouro dos EUA diminuem.
A quarta-feira ainda reserva a decisão sobre juros do Banco do Japão, com expectativa de nova alta.
As autoridades japonesas elevaram a banda para 0% e 0,1% no último encontro, a primeira alta desde fevereiro de 2007. O aperto monetário encerrou o longo período de juros negativos do país asiático, que, até março deste ano, trabalhava com uma banda entre 0% e -0,1%.
A especulação sobre um aperto monetário no país valorizou o iene na semana passada, gerando pressão sobre as moedas de mercados emergentes.
Um iene valorizado ante o dólar e a possibilidade de diminuição no diferencial de juros entre Japão e Estados Unidos levam investidores a reverter operações de “carry trade”, isto é, quando tomam ativos em locais com juros baixos para rentabilizar em outros com juros mais altos. Isso provoca uma fuga de capitais de emergentes, como o real, para sustentar essa reversão no mercado japonês.
Na cena corporativa, o Ibovespa foi afetado pela forte queda dos papéis da Petrobras, em repercussão à possível oferta por uma fatia das operações em campo de Mopane, na Namíbia. A notícia, na análise do BTG Pactual, “deve ser encarada de maneira negativa dado o histórico ruim da companhia em alocação de capital no exterior”.
Ainda pressionadas pela queda do petróleo Brent no exterior, as ações preferenciais e ordinárias da estatal caíram 2,02% e 2,52% no pregão da B3.
Redação / Folhapress