Acompanhe a cotação do dólar nesta quinta-feira (15)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar começou a sessão desta quinta-feira (15) próximo da estabilidade, com os investidores mostrando cautela antes da divulgação de uma nova bateria de dados econômicos dos Estados Unidos, enquanto a agenda nacional está esvaziada.

Às 9h04, o dólar caía 0,08%, cotado a R$ 5,4649. Na quarta-feira (14), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,37%, aos R$ 5,469, e a Bolsa brasileira avançou 0,69%, aos 133.317 pontos, o maior patamar desde 27 de dezembro do ano passado, quando atingiu a máxima histórica de 134.193 pontos.

A sessão de quarta foi marcada por dados de inflação dos Estados Unidos, aferidos pelo CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês), que balizaram apostas sobre os próximos passos da política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano).

Principal dado da semana para os mercados globais, o indicador subiu 0,2% no mês passado, depois de cair 0,1% em junho. Em 12 meses, ficou em 2,9%, ante 3,0% da leitura anterior.

O resultado mensal veio em linha com as projeções de analistas consultados pela Reuters; no comparativo anual, a expectativa era por 3,0%.

Os números favorecem o argumento de que a inflação dos Estados Unidos está arrefecendo —e em um ritmo gradual, afastando os temores de recessão que derrubaram Bolsas pelo mundo na semana passada.

“Nós não projetamos uma recessão e, sim, um pouso suave (da economia norte-americana)”, afirmou o economista-chefe Suno Research, Gustavo Sung. O foco agora é sobre como o ritmo inflacionário poderá ditar as próximas decisões do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano).

Agentes financeiros dão como certo o início do afrouxamento da taxa de 5,25% e 5,50% na próxima reunião de política monetária, em setembro, com apostas crescentes de que o corte será de 0,25 ponto percentual.

Em tese, quanto mais o banco central dos EUA reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo frente a outras moedas quando os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro, chamados de Treasuries, caem.

No entanto, a percepção de um corte de menor magnitude pelo Fed interrompeu a sequência de seis altas do real. Antes do dado do CPI, investidores também cogitavam uma redução maior, de 0,5 ponto.

“Os números da inflação norte-americana poderia trazer alívio às moedas emergentes já que a variação do CPI veio em linha com a mediana do mercado, mas a sequência de valorização da moeda brasileira torna um novo movimento de valorização um pouco mais difícil”, explica André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais.

Houve ainda o peso da economia chinesa na conta. Os contratos futuros do minério de ferro voltaram a ficar abaixo dos US$ 100, com perdas de mais de 3% na Bolsa de Dalian.

“Existe um temor rondando o mercado financeiro, renovado a cada ano, é verdade, de que a economia chinesa cresça em um ritmo menos intenso, o que comprometeria a demanda global por commodities, sobretudo as que estão ligadas ao ciclo econômico”, diz Galhardo.

Na cena doméstica, ainda segue no foco a percepção crescente de que o BC (Banco Central) deve manter a taxa Selic no atual patamar de 10,50% ao ano ou até mesmo elevá-la antes do final de 2024.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados na terça-feira, Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, afirmou que o BC tenta “manter a taxa de juros o mais baixa possível fazendo a inflação convergir para a meta”.

A autoridade monetária trabalha com a meta em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Na leitura de julho do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o resultado anual veio em 4,5% —exatamente no limite da banda.

O presidente do BC disse que o combate à inflação tem avançado, mas “é preciso perseverança nesse trabalho”, justificando que a desinflação tem arrefecido e as expectativas encontram-se desancoradas.

Já Gabriel Galípolo, diretor de política monetária e favorito à presidência do BC ao término do mandato de Campos Neto, afirmou em evento na segunda-feira (12) que a possibilidade de aumento de juros está na mesa.

A fala reforçou o que a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) já previa, em recado que foi minimizado por alguns agentes do mercado.

“Talvez em algum momento, quando se colocou o cenário alternativo (…), foi lido como retirar da mesa a possibilidade de alta. E isso não é a realidade do diagnóstico do Copom. A alta está na mesa, sim, do Copom”, afirmou Galípolo.

Redação / Folhapress

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