SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo do Acre decretou emergência no estado nesta terça-feira (30) devido à seca que atinge toda a região amazônica, causando desabastecimento de água, queimadas e erosões.
A gestão do governador Gladson Cameli (Progressistas) fez o anúncio com base em relatórios técnicos que indicam uma redução substancial nos níveis dos rios desde junho.
Segundo o decreto, o regime de chuvas na região tem sido insuficiente e deve continuar a apresentar baixos índices até novembro, mês tradicionalmente seco no Acre.
A falta de água, diz o documento, impacta mais gravemente aldeias indígenas, com sério risco de isolamento devido à baixa navegabilidade dos rios. O atual cenário, acrescenta o governo, também provoca um aumento nos preços de alimentos e prejudica o abastecimento de medicamentos e itens de saúde em hospitais e postos médicos.
Diversas erosões também são observadas no estado, comprometendo a segurança da população.
A capital Rio Branco registrou movimentação do calçadão do Novo Mercado Velho, um dos principais pontos turísticos da cidade, causando potencial risco aos prédios históricos e construções vizinhas, segundo técnicos do estado. Parte da via já foi interditada.
Diante desse cenário, o decreto estabelece uma série de medidas, incluindo ações de socorro e assistência às comunidades isoladas. O governo estadual também autorizou a execução de despesas extraordinárias para instalação e manutenção de abrigos e distribuição de insumos.
A vigência do decreto é de 180 dias, com possibilidade de prorrogação.
O Amazonas, estado vizinho ao Acre, também decretou emergência em 20 municípios nas calhas dos rios Juruá, Purus e alto Solimões, que sofrem com a estiagem. A previsão do governo é que a seca deste ano supere a de 2023.
O governador Wilson Lima (União Brasil), também decretou calamidade ambiental devido às queimadas registradas no sul amazonense e na região metropolitana de Manaus. Durante 180 dias, fica proibida a prática de fogo, com ou sem uso de técnicas de queima controlada.
Além disso, dois comitês foram criados para atuar nos municípios mais afetados: um grupo composto por todos os órgãos do estado para enfrentar a estiagem; e um comitê técnico científico com especialistas que devem assessorar as equipes em temas relacionados às mudanças climáticas.
O ciclo da seca em 2024 foi iniciado em junho com o princípio da vazante, que em outubro deve atingir a fase mais crítica nos rios Solimões, Negro e Amazonas.
As autoridades temem a repetição do que ocorreu no ano passado, em razão do menor nível dos rios para o período –a cheia não foi suficiente para recuperar o nível médio dos rios.
A seca de 2023 foi extrema. Rios como Solimões, Amazonas, Negro e Madeira atingiram suas mínimas históricas, e comunidades ficaram isoladas, sem água ou acesso a comida. Roças se perderam pelo aquecimento excessivo do solo, e o fenômeno das terras caídas, com a queda de barrancos e casas, se multiplicou. Ondas de fumaça invadiram cidades diversas da Amazônia ocidental.
Redação / Folhapress