SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Roy Rosselló, ex-integrante da banda Menudo, pediu justiça pelo abuso sexual que diz ter sofrido no caso que o liga ao empresário do entretenimento José Menendez, morto nos Estados Unidos em 1989. As declarações, dadas ao portal Splash UOL, foram publicadas neste domingo (27), três dias após a liberdade dos filhos e assassinos de José, Lyle e Erik, voltar a ser uma possibilidade.
Na última quinta-feira (24), o promotor público de Los Angeles George Gascón anunciou que solicitaria uma nova sentença aos irmãos –condenados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional– após novas evidências reforçarem as suspeitas de que eles sofreram abusos do pai. O pedido, que pode levar à soltura de Lyle e Erik, ocorreu na esteira de diversas produções audiovisuais sobre o caso.
Em uma delas, o documentário “Menendez + Menudo: Boys Betrayed”, lançado em 2023 pela Peacock, Roy afirmou que foi abusado por José. Como diretor da gravadora RCA, o empresário era encarregado de promover artistas latinos nos EUA e desempenhou um papel importante no auge da fama do grupo, no início da década de 1980.
O ex-Menudo, que atualmente mora em Miami após passar anos vivendo no Brasil, diz que, aos 14 anos, foi drogado e estuprado por Menendez durante uma visita à casa do empresário no estado americano de Nova Jersey. Outras situações de abuso teriam acontecido a partir de então.
Na entrevista deste domingo, ele voltou a falar sobre o assunto. “José Menendez sempre me olhava com malícia e desejo, e parecia que ele já sabia o que queria fazer comigo. Eu não sabia exatamente o que estava por vir, mas sentia que mais uma vez seria usado como um objeto, o que me deixou profundamente desconfortável e vulnerável”, disse ele.
O porto-riquenho falou de seu temor em ser abusado “mais uma vez” à época porque afirmou ter sido anteriormente vítima também de Edgardo Díaz, empresário do grupo. “Quando tudo aconteceu, eu era apenas uma criança, com 13 anos, completamente vulnerável e sem entender a magnitude da situação. Durante muitos anos eu guardei o silêncio, sem conseguir lidar com a violência emocional e física que sofri”, afirmou ao UOL.
Segundo ele, o abuso de Menendez teria ocorrido na mesma semana em que o grupo musical assinou um contrato com a RCA. “No dia do estupro, Edgardo não se opôs quando José Menendez insistiu para que eu tomasse a taça de vinho, eu só tinha 14 anos. Menendez foi insistente, me pressionando até que eu bebesse tudo”, disse ele.
As revelações a respeito de Menendez podem ter peso no caso de Lyle e Erik, uma vez que, na época do crime, a defesa afirmava que o assassinato havia ocorrido após anos de abusos sexuais do pai sob o silêncio e a cumplicidade da mãe, também morta pelos irmãos. Os advogados disseram na ocasião que, após confrontar seus pais sobre o abuso, eles temiam por suas vidas.
“Demorei para denunciar os abusos porque envolve muito mais do que apenas tempo”, afirmou Roy na entrevista. “Foi um processo longo e doloroso, que exigiu força e fé para conseguir superar.”
Ele disse ainda que, atualmente, não guarda mágoas. “No entanto, acredito que a justiça precisa ser feita”, disse o artista. “Perdoar não significa esquecer o que aconteceu, mas é permitir que o coração se liberte da dor e confiar que a justiça divina prevalecerá.”
Redação / Folhapress