PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Depois de quase 11 horas de julgamento, o homem acusado de matar quatro crianças na creche Cantinho Bom Pastor em Blumenau (SC) em abril de 2023 foi condenado a 220 anos de prisão na noite desta quinta-feira (29).
A pena soma as condenações por quatro homicídios e cinco tentativas de homicídio qualificados por motivo torpe, meio cruel, terem como vítimas menores de 14 anos e dificultar a defesa.
De acordo com comunicado do Ministério Público de Santa Catarina, que teve a denúncia aceita na totalidade pelo júri, o resultado foi o almejado pela promotoria.
“Buscamos a pena máxima que a legislação permite para que ele cumpra o máximo possível e, de fato, os jurados acolheram o nosso pedido”, falou o promotor do caso, Guilherme Schmitt. A presença de júri fez parte do pedido da Promotoria.
Para o outro promotor de justiça, Rodrigo Andrade Viviani, “a pena aplicada de 220 anos de reclusão representa uma forma de se aplicar a justiça por um crime tão grave que comoveu nossa cidade, o país e a comunidade internacional”.
No lado de fora do prédio, parentes das crianças e funcionários da creche protestaram pedindo justiça pela tragédia que aconteceu há quase 17 meses, na manhã de 5 de abril.
O sorteio dos sete jurados ocorreu em torno das 8h30. Pouco antes das 9h, os trabalhos começaram. Pela manhã, foram ouvidas quatro testemunhas de acusação, dentre elas a mãe de uma das vítimas.
Em seguida foi a vez da defesa, com uma testemunha e o próprio acusado, que falou por cerca de dez minutos.
À tarde, os promotores apresentaram os argumentos aos jurados, assim como a defesa do réu, apontada pela defensoria pública estadual. A juíza iniciou a leitura da condenação pouco antes das 19h.
O Ministério Público não divulgou o teor do depoimento do réu condenado nem o nome, seguindo o método adotado pelo órgão nos comunicados públicos. Segundo a instituição, o objetivo é evitar que a exposição de determinadas informações sobre crimes causem um “efeito contágio” indesejado.
A reportagem não teve acesso aos defensores do condenado pelo ataque.
Segundo a denúncia da Promotoria, o acusado chegou à creche de motocicleta, invadiu o local armado com duas armas brancas e iniciado o ataque.
As professoras do local pensaram que o homem era um assaltante e começaram a fechar portas e janelas, antes de perceber a gravidade da situação. Uma delas testemunhou no júri, e relatou sob lágrimas as ações que ela e outras professoras tomaram para socorrer as vítimas.
Quatro crianças não resistiram aos ferimentos e morreram no local, e outras quatro feridas foram encaminhadas ao Hospital Santo Antônio e tiveram alta no dia seguinte.
Logo após deixar o local, o acusado se dirigiu a um batalhão da Polícia Militar para se render. Preso em flagrante, aguardava julgamento desde a denúncia oficializada em 14 de abril de 2023. Pela investigação da Polícia Civil catarinense, o homem agiu sozinho, e não foi um ato coordenado.
Em abril deste ano, quando a tragédia completou um ano, foi instalado um comitê permanente para promoção de paz nas escolas em Santa Catarina, vinculado à Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) e formado por 27 instituições, incluindo forças de segurança, universidades, sindicatos, associações setoriais e o CRP (Conselho Regional de Psicologia).
Redação / Folhapress