Adolescentes suspeitos de agredir aluno que morreu em Praia Grande (SP) são apreendidos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois adolescentes suspeitos de envolvimento na agressão ao estudante Carlos Teixeira Gomes Ferreira Nazara, 13, dentro de uma escola em Praia Grande, na Baixada Santista, no dia 9 de abril, foram apreendidos na manhã de segunda-feira (6). Carlinhos, como era conhecido, morreu no dia 16 daquele mês.

Os jovens apreendidos têm 14 anos. Ambos foram apresentados espontaneamente por seus pais, de acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), e foram encaminhados para uma unidade da Fundação Casa.

O caso é investigado pelo 1° Distrito Policial de Praia Grande. A apuração também identificou uma terceira criança que teria participado das agressões, mas, por ter 11 anos, ela não pode ser apreendida –o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê a possibilidade de internação a partir dos 12 anos.

Aluno do 6º ano, Carlinhos foi vítima de agressões no banheiro da Escola Estadual Júlio Pardo Couto. A polícia investiga se a morte é resultado das agressões.

Aos pais o adolescente contou que dois garotos o arrastaram para o banheiro e pularam violentamente sobre suas costas. Após as agressões, Carlinhos passou a reclamar constantemente de dores ao respirar.

A família afirma que o IML (Instituto Médico Legal) atestou morte por broncopneumonia bilateral e celulite infecciosa no cotovelo. Um exame necroscópico deve trazer mais informações sobre as causas das infecções.

A família conta que o adolescente era vítima de bullying na escola. Também relata omissão do colégio e negligência de unidades de saúde municipais que atenderam o menino entre 9 e 15 de abril.

À Folha de S.Paulo a Seduc-SP (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) disse não reconhecer as agressões. A informação consta de nota enviada no último dia 22. Já ao Fantástico, da TV Globo, a pasta disse estar apurando o caso.

Alunos relataram falta de câmeras nos sanitários. Um dos adolescentes contou ao Fantástico que há um grupo, composto por seis ou sete pessoas, responsável por diversas agressões.

Michele de Lima Teixeira, mãe do adolescente, disse ter levado o filho mais de cinco vezes em unidades de saúde administradas pelo município, entre os dias 9 e 15 de abril, e que em todas as vezes ele foi mandado para casa sem passar por exames.

A mãe ainda afirmou para o Fantástico, que o filho não queria mudar de escola para proteger os amigos de agressões.

De acordo com ela, o filho já havia sofrido agressões em março, o que motivou os pais a o trocarem de escola. O adolescente, no entanto, disse à mãe que queria continuar no colégio, para proteger os amigos.

“Ele falou assim: ‘mãe, eu não quero sair porque eu sou o maior da minha turma’. Porquê os amigos dele são todos menores, pequenininhos, e ele era grandão pela idade dele. Ele falou que queria defender eles, que queria ficar forte”, disse a mãe.

COMO O ADOLESCENTE MORREU?

Carlos morreu na tarde do dia 16 de abril na Santa Casa de Santos, a 15 km de Praia Grande. O exame necroscópico que pode trazer mais informações sobre a causa da morte deve ficar pronto em 90 dias.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, a advogada da família do adolescente, Amanda Mesquita, disse que Carlos começou a se queixar de dores em 9 de abril, quando teria contado aos pais que foi agredido por outros alunos.

“Pularam nas costas dele. Nesse dia, a escola não chamou a família. Ele chegou em casa chorando, machucado, com as costas tortas. E aí a família o levou para o pronto-socorro central de Praia Grande”, afirmou a advogada. “Fizeram um raio-X na região do ombro e falaram que ele tinha escoliose. Medicaram e liberaram, mas ele continuou sentindo muitas dores”, continuou Mesquita.

Segundo ela, a família então procurou a Usafa (Unidade de Saúde da Família), onde também não teria recebido tratamento adequado. “Uma médica gritava com ele, perguntando o que ele tinha. Ninguém examinou o pulmão dele”, disse a advogada.

No dia 15 de abril, ainda segundo Mesquita, o adolescente “estava muito mal, com febre, sem conseguir respirar direito, sem conseguir andar direito”. A família, diz a advogada, então decidiu levá-lo a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Santos. Na sequência ele já foi encaminhado de ambulância para a Santa Casa de Santos, onde ficou internado em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O adolescente morreu na tarde de 16 de abril após três paradas cardiorrespiratórias, de acordo com a advogada. O corpo foi liberado pelo IML na noite de 18 de abril para o enterro.

O QUE DIZ A PREFEITURA DE PRAIA GRANDE?

Procurada, a Prefeitura de Praia Grande, responsável pelas unidades de saúde onde Carlos recebeu os primeiros atendimentos, respondeu, em nota, que a Secretaria de Saúde Pública abriu um processo administrativo “para apurar todos os procedimentos adotados no atendimento”. “Caso seja constatada alguma irregularidade, serão tomadas as providências cabíveis”, afirmou.

Redação / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTICIAS RELACIONADAS