CAMPO GRANDE, MS (FOLHAPRESS) – Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União Brasil) vão disputar o segundo turno da eleição para a Prefeitura de Campo Grande (MS). A votação final está agendada para 27 de outubro.
Com 99,91% das urnas apuradas, Adriane Lopes tinha 31,66% dos votos e Rose Modesto, 29,56%.
O resultado do primeiro turno enterra as pretensões do PSDB partido hegemônico em Mato Grosso do Sul de governar simultaneamente o estado e a capital. A derrota foi consolidada na última semana da eleição, com o candidato Beto Pereira (PSDB) sob ataque dos oponentes. Ele obteve 25,95% dos votos, até a atualização mais recente.
O cenário não era o mais esperado na capital de Mato Grosso do Sul. Adriane arrancou na reta final da campanha com discurso conservador, tentando atrair votos bolsonaristas, mesmo não tendo apoio do ex-presidente.
O símbolo da campanha de reeleição da prefeita é uma bota típica do povo sul-mato-grossense. Era uma estratégia para mostrar que, diferente de seus principais oponentes, que ocupam cargos em Brasília, ela era a única preocupada em bater perna por Campo Grande para resolver os problemas da cidade.
Já Rose era a favorita nas pesquisas de intenção de voto. Ela liderou durante toda a campanha sem investir em grandes embates. Mudou de estratégia na última semana antes da eleição, com ação publicitária agressiva contra oponentes.
Concorriam ainda à eleição Camila Jara (PT), que tinha 9,43% dos votos às 18h deste domingo, Beto Figueiró, do Novo (2,45%), e Luso de Queiroz (PSOL) e Ubirajara Martins (DC), com menos de 1%.
Rose Modesto, 46, começou a carreira em 2008 como vereadora pelo PSDB. Foi eleita vice-governadora de Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2014 e deputada federal em 2018. Em 2022, quando escolheu concorrer ao governo do estado, foi descartada pelo partido. Filiou-se, então, ao União Brasil.
Há dois anos, Rose perdeu a eleição para o tucano Eduardo Riedel. Ficou em quarto lugar. Ela avalia que a derrota serviu ao menos para consolidar sua imagem em Campo Grande, com os frutos colhidos no pleito deste ano.
Adriane Lopes, 48, tem formação em direito e teologia. Foi também coach vinculada ao Instituto Brasileiro de Coaching. Ganhou projeção em Campo Grande após atuar por quatro anos no sistema penitenciário do estado.
Ela era vice-prefeita de Marquinhos Trad (PSD) desde 2017. Assumiu o comando da cidade em 2022, quando o prefeito renunciou ao cargo para disputar o governo de Mato Grosso do Sul.
Adriane é a primeira mulher a ocupar a Prefeitura de Campo Grande. Desde o início da campanha, seu desempenho nas urnas era uma dúvida de seus aliados, como a senadora Tereza Cristina (PP), pois ela nunca havia encabeçado uma chapa.
Ambas as candidatas disputam públicos parecidos. São evangélicas, fazem forte apelo à presença da mulher na política e buscam o voto conservador dos sul-mato-grossenses, cada uma à sua maneira.
Enquanto Rose tenta dialogar com todos os lados e não declara apoio a Lula nem a Bolsonaro, Adriane tenta se colocar como a única candidata conservadora de Campo Grande para herdar o voto bolsonarista da região, com forte influência do agronegócio.
CÉZAR FEITOZA / Folhapress