Adversária de taiwanesa reprovada em teste faz gesto polêmico após derrota

SÃO PAULO, SP (UO/FOLHAPRESS) – A boxeadora búlgara Svetlana Staneva fez um gesto polêmico após ser derrotada neste domingo (4) pela taiwanesa Yu Ting Lin nas quartas de final do boxe feminino até 57kg das Olimpíadas de Paris.

Stavena se virou para a torcida, apontou para si mesma e depois fez o sinal de ‘X’ com os dedos. A búlgara tomou tal atitude após sua adversária ser anunciada como vencedora por decisão unânimes dos juízes na Arena Paris Norte. Os cinco juízes avaliaram que Lin foi melhor no final dos três rounds.

O gesto está sendo interpretado como uma referência aos cromossomos femininos XX em meio à polêmica reprovação da taiwanesa em teste de gênero no Mundial de boxe, em 2023. Assim como a argelina Imane Khelif, a taiwanesa foi desclassificada pela IBA (Associação Internacional de Boxe) por não atender aos critérios de saúde de elegibilidade — a IBA não é mais regulamentada pelo COI.

O COI afirma que todas as atletas que disputam as Olimpíadas de Paris cumprem os regulamentos de elegibilidade. A entidade ressaltou que todas as competidoras apresentam as condições médicas aplicáveis de acordo com as regras da competição. No site oficial das Olimpíadas, Lin e Khelif constam como atletas mulheres.

Stavena deixou o ringue irritada e não atendeu os jornalistas presentes para comentar sua reação, de acordo com a BBC. A búlgara estava visivelmente frustrada e gritava em negação, segundo o veículo britânico.

O treinador dela, no entanto, criticou a participação da taiwanesa na competição com base em uma acusação não confirmada. O jornal britânico The Telegraph acrescentou que ele segurava um cartão com o escrito ‘Só quero enfrentar mulheres, eu sou XX’ e que teria dito: “Essa é talvez a mensagem de todas as boxeadoras neste torneio”. Apesar de a IBA dizer que encontrou cromossomos masculinos nos exames de Lin e Khelif, a organização não divulgou os resultados.

“Eu não sou médico para dizer se Lin poderia competir ou não aqui, mas quando o teste mostra que ele ou ela tem o cromossomo Y, ela não deveria estar aqui”, disse Borislav Georgiev, técnico de Staneva, à BBC Sport.

Lin volta ao ringue na quarta (7) para enfrentar a turca Wzra Yildiz, às 16h30 (de Brasília). A atleta de 28 anos disputa o ouro se avançar à final, mas fica com o bronze se for derrotada — no boxe não há disputa pelo terceiro lugar, e quem perde na semi recebe a premiação.

A polêmica da reprovação em teste de gênero

A IBA não explica o método do teste em que Lin e Khelif foram reprovadas nem divulga os resultados. A organização apenas diz que o exame é “confidencial” e que não é um teste de testosterona, alegando que as duas boxeadoras “têm vantagens comparadas com as outras competidoras”.

O porta-voz do COI explicou por que um teste de testosterona não é adequado. “O teste de testosterona não é um teste perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, embora ainda sejam mulheres”, disse Mark Adams sobre o caso.

O COI diz que a IBA, que organizou o Campeonato Mundial, não é mais um órgão reconhecido como competente pelo comitê desde 2023. Um documento oficial cita que a organização de boxe apresentou falhas recorrentes relacionadas à integridade e transparência da associação, que foi acusada de manipulação de resultados e corrupção.

Não há qualquer confirmação que Lin ou Khelif não sejam mulheres cisgênero. A imprensa internacional chegou a levantar essa possibilidade, sem comprovação, de que as boxeadoras fossem pessoas intersexo (que nasce com características sexuais não binárias).

Redação / Folhapress

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