SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Adversários de Pablo Marçal (PRTB) na corrida pela Prefeitura de São Paulo disseram desconfiar da nova versão do influenciador, que foi menos agressivo no debate do SBT, nesta sexta-feira (20), e atribuíram sua postura de “governante”, como ele mesmo classificou, à rejeição de 47% medida pelo Datafolha, a maior entre os postulantes.
Em entrevista à imprensa após o debate, Marçal falou que, a partir de agora, o público se surpreenderá com a sua postura republicana. Ele voltou a pedir desculpas às pessoas que não gostaram da sua “pior versão”.
“Para quem nunca estudou arquétipos, eu passei pelo arquétipo do rebelde, do palhaço e agora assumo a de governante […] Oficialmente estou começando a campanha hoje e quero ver quem vai me segurar”, disse.
Confrontado com a expressão “Marçal paz e amor”, o empresário negou que essa seja uma estratégia política ou que tenha a ver com sua rejeição nas pesquisas, mas se trata da sua verdadeira versão, nas palavras dele, “um homem de família” e que “ama as pessoas”.
O empresário voltou a afirmar que não acredita no resultado da pesquisa Datafolha quando foi questionado sobre sua rejeição de 47%.
Na entrevista, o influenciador se corrigiu ao usar “Boules” para se referir ao candidato do PSOL e disse que a partir de agora não usará mais apelidos.
Marçal disse ainda que recebeu uma carta do ex-presidente americano Donald Trump sobre a cadeirada. Ele não mostrou o documento e disse que eventualmente o enviaria para a imprensa.
Ricardo Nunes (MDB), por sua vez, afirmou ao fim do debate que “a criança se comportou”, em referência a Marçal, e disse que o nível melhorou só não estaria 100% porque “às vezes as pessoas falam algo que não é verdadeiro e fica solto”.
A respeito de Marçal, ponderou que o influenciador mentiu ao dizer que lidera a corrida. O Datafolha coloca Nunes numericamente à frente, com 27%, seguido de Guilherme Boulos (PSOL), com 26%, e Marçal com 19%.
“Ele falou três vezes uma mentira, ele só está em primeiro na rejeição, é o grande líder da rejeição. Ele está tomando uma surra do eleitor, demonstrando que ninguém quer essa baixaria”, completou Nunes.
Boulos, da mesma forma, disse que o debate teve bom nível, em que “não prosperou a baixaria e a mentira”, permitiu que as pessoas “separassem o joio do trigo” e disse ser difícil acreditar na nova postura de Marçal.
“É difícil acreditar no bom-mocismo de alguém que, desde o começo, só tem trabalhado com ataque, mentira e agressão”, afirmou.
Na opinião de José Luiz Datena (PSDB), o recuo de Marçal foi calculado e orientado pela sua estagnação nas pesquisas, que chegou a liderar, empatado com Nunes e Boulos.
Perguntado se foi a cadeirada que deu em Marçal, no debate da TV Cultura, que emendou o influenciador, Datena respondeu que não. “Não foi isso que parou esse cidadão. Ele tudo faz de forma calculada. Quem parou esse cidadão foram as pesquisas, que ele não teve ascensão nenhuma e até perdeu”, disse.
“Ele viu que acusar sem provas não deu resultado para ele na pesquisa. Deve ter percebido que falar mentiras não favorece a ninguém”, completou.
O tucano afirmou ainda que Marçal baixou o tom só até certo ponto. No fim do debate, o candidato do PRTB voltou a mencionar a acusação de assédio sexual contra Datena, que prescreveu e que o apresentador diz ser uma mentira.
“As propostas se sobrepuseram às mentiras que continuam sendo repetidas. O mostro sempre aparece, de um jeito ou de outro, mas ao monstro, ao condenado, ao bandido, você responde no local adequado que é a Justiça”, disse.
Tabata Amaral (PSB), ao deixar o estúdio, também afirmou que os índices de rejeição afetaram o debate do SBT.
“Claramente meus adversários estão vendo a rejeição aumentar e sentiram isso. [ ] As pessoas querem um projeto no qual possam confiar”, disse.
“O que a gente está vendo um teatrinho. [ ] Marçal, Boulos e Nunes estavam brigando, gritando no último debate. Agora está todo mundo calminho, achando que vão enganar as pessoas”, completou.
Marina Helena (Novo) disse que o debate teve “mais do mesmo da política” e criticou os adversários ao deixar o SBT.
VICTÓRIA CÓCOLO E CAROLINA LINHARES / Folhapress