Aeroporto de Porto Alegre reabre em capacidade limitada e com passagens mais caras

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Após ficar mais de dois meses de portas fechadas devido à enchente do lago Guaíba e de seus afluentes, o aeroporto internacional Salgado Filho reabriu parcialmente, nesta segunda-feira (15), em Porto Alegre.

A retomada das atividades no terminal ocorre um dia antes da divulgação da análise de condições da pista de pousos e decolagens. O resultado deve ser apresentado pela concessionária Fraport nesta terça-feira (16) para representantes do governo federal em Brasília.

Voltaram para Porto Alegre as operações de check-in, despacho de bagagens, embarques e desembarques. Os primeiros passageiros começaram a chegar pouco antes das 6h para o primeiro voo, que saiu às 9h30 da base aérea de Canoas rumo a Guarulhos.

As filas são extensas, mas fluem rápido e acontecem em intervalos grandes de tempo pela baixa oferta de voos disponíveis em comparação com o período pré-enchente. Nesta segunda-feira, seriam apenas oito embarques, todos para Guarulhos, Congonhas ou Viracopos.

A base recebeu no dia 11 a autorização para expandir a capacidade de voos de 49 para 87, e a liberação para funcionar 24 horas por dia. A expectativa é que aumente o número de viagens, mas ainda não há confirmação de novas linhas.

“Parece que tá todo mundo tranquilo. O importante é não ter pressa e deixar eles trabalharem”, disse a professora de inglês Patrícia Ancona, 56, que retorna para casa em São Paulo e chegou ao aeroporto quase quatro horas antes de seu voo. Para ela, o maior problema hoje é o alto custo no valor das passagens.

“Não sei se as companhias aéreas estão querendo tirar uma diferença no valor, pois é outro, deu uma uma elevação grande”, disse. Segundo Patrícia, “as companhias estão querendo superar o prejuízo delas nessas passagens”.

Patrícia diz que seu marido gostaria de ir ao estado para o Dia dos Pais em agosto, mas o preço das passagens —cerca de R$ 4.000— inviabilizou a viagem. A alternativa mais barata que encontraram seria pagar pouco mais de R$ 800 em passagens de São Paulo a Florianópolis e de lá seguir caminho ao Rio Grande do Sul de carro ou ônibus. “Um transtorno”, lamenta.

Visitando o filho que mora em Porto Alegre, ela chegou no dia 1º pela base aérea de Canoas. Para ela, mesmo com as limitações, o embarque e desembarque é “muito organizado”, e elogiou as instalações do Salgado Filho. Ainda assim, as marcas da enchente a impressionam.

“A gente sente ainda um ambiente muito úmido, porque não tem aquecedor, e até um pouquinho de cheiro de mofo.”

Um ônibus conecta o aeroporto Salgado Filho à pista da base aérea em uma viagem feita em tempo médio estimado de 20 minutos. Por isso, as operações de check-in são encerradas uma hora e meia antes do voo, e a concessionária pede que os passageiros cheguem três horas antes do horário marcado para a decolagem.

As operações do terminal improvisado no ParkShopping Canoas, que ocorriam desde 27 de maio, foram encerradas neste domingo (14).

Para Fabricio Cardoso de Lima, diretor de operações da Fraport para o Salgado Filho, o retorno ao aeroporto facilita o atendimento ao público.

“Nós temos aqui um espaço físico maior, o processamento de passageiros é mais ágil. A gente traz o passageiro de volta para o seu habitat”, disse. O número de unidades de check-in, que era dois em Canoas, agora é 15.

“Tomando esses primeiros voos como parâmetro, a situação é muito boa. Nós não temos qualquer contratempo, tudo correndo da melhor forma.”

A reabertura do Salgado Filho é limitada ao segundo e terceiro pavimento do terminal. O térreo ficou sob 65 centímetros de água e já foi limpo, mas segue fechado. Além da pista, a água danificou tamém a rede elétrica, sinalizações e esteiras de bagagens, e a Fraport ainda avalia o tamanho do prejuízo.

CARLOS VILLELA / Folhapress

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