PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, não deve retomar as operações antes da segunda metade de dezembro deste ano.
A previsão foi dada pela concessionária Fraport durante encontro com representantes do governo federal e deputados gaúchos nesta segunda (3), de acordo com o deputado estadual Frederico Antunes (PP), que acompanhou vistoria ao local e preside a Frente Parlamentar de Aviação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
O aeroporto completa nesta segunda-feira um mês fechado em decorrência da enchente do lago Guaíba. A vistoria, realizada pela manhã, contou com a presença do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, de técnicos da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e da presidente da Fraport Brasil, Andreea Pal.
O Salgado Filho está fechado desde 3 de maio, quando a inundação do Guaíba chegou ao bairro Anchieta e, aos poucos, tomou conta da pista e do primeiro pavimento do prédio. A água já baixou na área interna, mas alguns pontos externos e ruas de acesso ainda estão alagados.
Em comunicado, a CEO Andreea Pal disse que a Fraport Brasil atua junto ao governo federal para acelerar a retomada das operações do terminal. “Estamos fazendo a nossa parte, com diversas atividades já iniciadas. Se os impactos forem menores do que os previstos inicialmente, vamos torcer para que o aeroporto esteja disponível para o final do ano”, afirmou, via assessoria.
Nesta segunda-feira foi iniciado o processo de varredura e limpeza das pistas, pátios e taxiways (faixas de trânsito de aeronaves) para retirada de sujeira e entulho.
“Em paralelo, foram iniciados os testes e sondagens para avaliação da resistência do solo, desde a compactação até a pavimentação, para que tecnicamente seja possível afirmar os impactos causados pelo acúmulo de água durante as últimas semanas”, disse a Fraport, em nota.
Os testes devem durar aproximadamente 45 dias, a depender também das condições climáticas, e a avaliação dos impactos da enchente na estrutura do aeroporto e da pista deve ser concluída em julho.
Segundo a Fraport, ainda não é possível detalhar o valor total do prejuízo causado pela inundação, nem quais equipamentos vão precisar de reparo ou substituição. Em visita ao aeroporto no dia 29, o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), disse que toda a parte de esteiras do primeiro pavimento foi danificada pela água.
A Fraport não tinha um prazo determinado para a reabertura do aeroporto, mas a expectativa anterior era de que os voos não seriam retomados antes de agosto.
De acordo com a Anac, a Fraport solicitou um estudo de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato do Salgado Filho. O alagamento é considerado pela empresa algo fora da previsão contratual.
“É preciso que a concessionária avance na discussão com a Anac, com o Ministério dos Portos e Aeroportos e da AGU [Advocacia-Geral da União], no sentido de restabelecer o equilíbrio do contrato da concessão, mas isso não pode ser um impeditivo para que o trabalho seja acelerado”, disse o ministro Paulo Pimenta.
Também participaram da vistoria o diretor-presidente da Anac, Tiago Sousa Pereira, o auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Lucas Massahiro Kokubu, o secretário estadual da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, o chefe de gabinete do diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Anderson Lessa, e o secretário nacional de Aviação Civil, Tomé Franca.
Franca disse na rede social X que um cronograma de ações para o retorno das atividades do Salgado Filho será apresentado “nos próximos dias”.
Em entrevista coletiva sobre a situação das rodovias no estado, o governador Eduardo Leite (PSDB) falou sobre o tema. “Entendemos que é muito importante que o governo federal construa a solução junto à concessionária para dar segurança sobre o reequilíbrio”, disse o governador.
“A gente tem a preocupação de que a União, junto à concessionária, tenha a resolução deste problema o quanto antes”, disse Leite. “É ponto crítico para o estado, do ponto de vista de desenvolvimento econômico e manutenção de empregos.” Em 30 dias de fechamento, o aeroporto de Porto Alegre deixou de receber cerca de 4.200 viagens.
Enquanto as atividades do Salgado Filho continuam paralisadas, a base aérea militar de Canoas passou a receber voos comerciais temporariamente. O aeroporto de Florianópolis também tem recebido mais voos, com uma conexão de ônibus até a cidade de Osório, no litoral norte gaúcho.
Outros aeroportos do interior do Rio Grande do Sul, como Caxias do Sul, Santo Ângelo e Uruguaiana são estudados como alternativas regionais.
CARLOS VILELA / Folhapress