SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um agente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de 48 anos foi morto a tiros na manhã desta quinta-feira (13) na zona oeste de São Paulo.
José Domingos da Silva trabalhava na rua Osiris Magalhães de Almeida, nas proximidades da avenida Professor Francisco Morato, na Vila Sônia, quando foi baleado, por volta das 8h45.
O local fica a menos de um quilômetro do 89º DP (Jardim Taboão) e, segundo os moradores, é uma região tranquila. Entre a delegacia e a esquina dos disparos, a reportagem contou ao menos cinco câmeras de segurança em totens nas calçadas.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), informações preliminares apontam que um motociclista e o agente se envolveram em uma discussão e o condutor da moto atirou no funcionário da CET e fugiu.
Dois de quatro disparos feitos acertaram Silva, de acordo com o boletim de ocorrência. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e constataram o óbito do agente ainda no local do crime.
O caso foi registrado inicialmente como homicídio no 89° DP, que solicitou assessoramento ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Mas depois foi retificado como latrocínio (roubo seguido de morte) e a investigação está com a 1ª Delegacia de Polícia de Investigação sobre Roubos e Latrocínios do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).
A primeira versão do documento policial afirma que o agente de trânsito entrou em luta corporal com o criminoso, conforme testemunhas.
A versão atualizada não fala em luta, mas que por meio da câmera corporal de Silva foi possível visualizar que ele estava aplicando uma multa em um caminhão, quando foi abordado por um indivíduo em uma moto que anunciou o assalto.
“A vítima demora para entregar sua aliança e é alvejada pelo roubador, que em seguida foge”, diz documento.
Imagens da câmara corporal que Silva usava mostram que o motociclista chega com arma em punho e parece pedir que ele entregue algo. Após um breve diálogo, o criminoso dispara.
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirma que a polícia analisa imagens e busca novos elementos que auxiliem na identificação e prisão do autor do crime.
A Companhia de Engenharia de Tráfego afirmou que “manifesta seu profundo pesar pela morte de agente de trânsito” e que “acionou seu departamento jurídico e o de recursos humanos para prestar todo o suporte necessário à família do funcionário”.
Representante de trabalhadores da CET, o presidente do Sindviários, Reno Ale, afirmou que a categoria reivindica há anos o aumento do efetivo do órgão para que os agentes de fiscalização possam trabalhar em duplas.
“Nós lamentamos muito o assassinato do José Domingos da Silva, que não é a primeira, em 1997 tivemos a morte de Vagner de Jesus Freitas, enquanto fazia seu trabalho na avenida Francisco Morato”, afirmou.
Segundo o presidente do sindicato, o número de funcionário da CET caiu de aproximadamente 5.700, nos anos 1990, para 3.800, atualmente.
Ele ainda disse que os agentes de rua eram cerca de 2.300 no início dos anos 2010 e que esse número hoje é de aproximadamente 1.200.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a fiscalização de trânsito diminuiu na contramão do aumento da frota nas ruas da cidade
Concurso público realizado em 2023 aprovou 500 novos funcionários, mas apenas 260 foram chamados até o momento, segundo o sindicalista.
Procurada, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) não respondeu as declarações do sindicato até a publicação deste texto.
PAULO EDUARDO DIAS E DIEGO ALEJANDRO / Folhapress