SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Agentes de vigilância da Penitenciária Mário Moura Albuquerque, conhecia como P1 de Franco da Rocha (Grande SP), usaram armas com munição letal para conter a rebelião ocorrida no último sábado (20). Eles estavam na muralha no momento dos disparos.
Até então o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmava que havia sido usada apenas munição não letal, como balas de borracha. A Folha apurou, no entanto, que detentos foram feridos por arma de fogo e estão internados em estado grave.
Questionada, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) admitiu, na noite deste sexta (26), o uso de armas de fogo para conter o motim.
“Na ocasião, uma tentativa de fuga em massa foi frustrada pelos agentes da unidade. Ao menos dois internos tentaram fugir pelo telhado e foram contidos pelos guardas da muralha, que intervieram atingindo-os na perna e na região do abdômen, respectivamente. Ambos foram socorridos e seguem internados sob escolta. O uso de armas de fogo por agentes de muralha é previsto na legislação vigente”, disse a SAP, em nota.
A reportagem procurou a Secretaria Estadual da Saúde, que disse não ter autorização para falar sobre o quadro clínico de pacientes.
A SAP afirmou também ter instaurado um procedimento para apurar todos os fatos relativos ao motim.
A confusão teve início após detentos colocarem fogo em colchões e outros objetos. Em cartazes eles pediram o “fim da opressão” e fizeram críticas à direção da unidade, e com lençóis escreveram a sigla PCC (Primeiro Comando da Capital) no chão do pátio.
Após os tiros com munição letal, o Grupo de Intervenção Rápida conteve os presos que atearam fogo em colchões no interior das celas. Três internos que apresentaram ferimentos foram socorridos e já tiveram alta médica, segundo a gestão Tarcísio.
“Os quatro presos que lideraram o motim e outros 158 que aderiram ao movimento foram transferidos para outras unidades do sistema prisional paulista, a fim de cumprir o isolamento preventivo previsto na Lei de Execuções Penais”, acrescentou a pasta.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress