SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O homem de 30 anos que morreu após ser agredido em uma estação de trem em Carapicuíba sofreu asfixia mecânica, esganadura e politraumatismo, mostra laudo pericial do Instituto Médico Legal.
Documento também aponta que Jadson Vitor de Souza Pires tinha costelas quebradas e outros ferimentos. O laudo foi divulgado pela TV Globo nesta quarta-feira (4).
Incompatibilidade com informações dadas por seguranças à polícia. O documento do IML contradiz a versão formalizada em boletim de ocorrência, quando seguranças da Viamobilidade afirmaram que fizeram manobras de imobilização “somente nas pernas e nos braços da vítima”.
Homem passou noite desaparecido após ser roubado, diz esposa. À TV Globo, a esposa de Jadson, Renata Souza disse que o homem saiu de casa no dia 11 de novembro para resolver burocracias após uma demissão e ligou para avisar que teve a moto roubada. Ele passou na casa de um conhecido e teria seguido para a estação, para poder voltar para casa.
Jadson não dormiu em casa e, preocupada, família foi em busca dele em hospitais e no IML. “Quando chegamos na UBS da Cohab, a gente foi informado que tinha entrado um rapaz em óbito, mas que ele tinha sido encaminhado para o IML. Quando chegamos no IML me deram a notícia”, contou.
“A pessoa que me atendeu no IML falou que já recolheram ele em óbito na estação e que era para a gente procurar a polícia porque era uma morte suspeita”, disse Renata Souza, à TV Globo.
Família foi até estação para entender o que tinha acontecido. Segundo Renata, um guarda no local pegou o telefone de contato dela e um representante da ViaMobilidade ligou em seguida.
“Disse que estava colaborando com a justiça, que ia colaborar com as imagens. Falou tudo, só que era para a Justiça que eles queriam dar uma explicação, não para a gente, família. Eles só confirmaram que ele teve uma convulsão, só que o laudo do IML não fala isso”, disse Renata Souza, à TV Globo.
Antes de desmaiar, Jadson pediu ajuda e água, diz testemunha. Também à TV Globo, uma pessoa que viu o momento em que o homem foi espancado contou que ele falou repetidas vezes que tinha uma filha. “O que mais me doeu foi ver ele falando assim: eu tenho uma filha de três anos, se eu morrer, cuida dela”, disse. Segundo esta testemunha, Jadson parecia estar sob efeito de drogas.
Jadson morreu após ser agredido por agentes de segurança da ViaMobilidade na estação Carapicuíba, da Linha 8-Diamante. O caso aconteceu em 11 de novembro, mas as imagens das agressões foram publicadas pela TV Globo nessa terça-feira (3).
Homem tentava entrar na estação sem pagar quando levou uma rasteira de um dos agentes. A ViaMobilidade diz que Jadson estava “bastante agitado” e não respondia às orientações e foi “contido após invadir a linha de bloqueio por várias vezes”.
No chão, ele foi chutado por um homem de preto, que mais tarde foi identificado como um agente da GCM (Guarda Civil Metropolitana) à paisana. A ViaMobilidade diz que ele não tem nenhuma relação com a operação da concessionária.
Depois, Jadson é arrastado pelas pernas por dois agentes da ViaMobilidade até outro espaço. Toda a ação é presenciada por passageiros que estavam no local.
Outra câmera flagrou o momento em que Jadson é imobilizado com violência por três homens, dois deles usam a farda da Polícia Militar. Em outro momento, os seguranças aparecem fazendo massagem cardíaca em Jadson. Uma equipe do Samu também aparece nas imagens para fazer o resgate.
A morte de Jadson foi confirmada em uma UPA. Segundo a ViaMobilidade, ele sofreu um mal súbito e recebeu os primeiros socorros ainda no local. O UOL procurou a secretaria de Saúde para detalhes sobre a causa da morte. A polícia diz que a causa da morte ainda não foi determinada e que “os laudos periciais solicitados estão em elaboração e serão anexados ao inquérito assim que concluídos”.
O caso é investigado pelo 1º DP de Carapicuíba. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que as novas imagens foram analisadas pela autoridade policial e os envolvidos serão intimados a prestar um novo depoimento.
A ViaMobilidade lamentou a morte de Jadson e diz que contatou a família para prestar apoio. Os agentes envolvidos no caso foram afastados de suas funções, informou a empresa, que disse que uma sindicância interna apura o caso. “A companhia informa que repudia qualquer forma de violência, premissa essa constantemente reforçada em seus treinamentos e procedimentos de segurança e atendimento”.
Redação / Folhapress