PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Agricultores franceses bloquearam o acesso a instituições públicas na França nesta quinta-feira (28) para exigir o fim dos “obstáculos” administrativos, como parte de uma nova rodada de protestos que começou na semana passada.
No início desta manhã, os agricultores ergueram muros com blocos de concreto para bloquear simbolicamente a entrada do Instituto de Pesquisa Agrícola Inrae e com papelão em frente à agência de saúde Anses, na região de Paris.
“Financiamos um instituto nacional que custa 1 bilhão de euros por ano [R$ 6,3 bilhões], mas tudo o que ele faz é nos impor obstáculos”, disse à AFP Donatien Moyson, do JA (Sindicato dos Jovens Agricultores).
As ações da JA e da FNSEA, o principal sindicato do setor, também despejaram esterco fora da prefeitura de Nice, no sudeste da França, e palha ante a cidade administrativa de Toulouse, no sudoeste.
“Como a administração nos atrapalha, nós os trancamos”, comentou a filial local da FNSEA em Toulouse no Instagram, depois que o acesso a um prédio que abriga o Escritório de Biodiversidade da França e uma agência de água foi fechado com solda.
A ministra da agricultura da França, Annie Genevard, condenou “nos termos mais fortes qualquer ataque a pessoas e propriedades”, que, segundo ela, “prejudica as reivindicações legítimas dos agricultores”.
A FNSEA e a JA lançaram uma nova rodada de protestos em 18 de novembro, após fortes mobilizações em janeiro, para alertar sobre a situação do setor e denunciar promessas não cumpridas.
Os protestos, divididos em várias fases, começaram com uma denúncia do acordo comercial em negociação entre a União Europeia e o Mercosul, temendo a “concorrência desleal” dos agricultores da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
O Parlamento e o governo franceses reiteraram nesta semana sua oposição ao acordo “em sua forma atual” e, com relação aos “obstáculos administrativos”, Genevard deve se reunir com o presidente do Inrae e com os sindicatos, de acordo com seu gabinete.
As mobilizações ocorrem antes das eleições de janeiro para as Câmaras de Agricultura, nas quais o sindicato de linha dura Coordenação Rural está tentando quebrar a hegemonia da FNSEA.
Redação / Folhapress