PELOTAS, RS E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A AGU (Advocacia-Geral da União) encaminhou, na noite desta quarta-feira (18), ofícios à Polícia Federal e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para apurar possíveis crimes contra o mercado de capitais a partir da disseminação de falsas declarações de Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central.
A desinformação foi publicada por um usuário do X (ex-Twitter) na manhã de terça (17). A postagem dizia que o futuro presidente do BC teria classificado o forte movimento de alta do dólar como “artificial” e que a meta da autoridade monetária seria baixar o valor da divisa para R$ 5,00 na sessão desta quarta, a moeda fechou a R$ 6,267
“URGENTE – Gabriel Galípolo, próximo presidente do BC, considera a alta do dólar artificial e não enxerga o cenário com preocupação. A meta é fazer a moeda estadunidense retornar aos R$ 5,00 ainda em 2025, declarou Galípolo”, dizia a postagem, que foi compartilhada por influenciadores da rede.
Não houve, no entanto, manifestações de Galípolo sobre a alta do dólar na terça. A agenda do futuro presidente do BC não previa compromissos públicos. A direção do BC desmentiu a postagem à GloboNews.
A conta que publicou a desinformação já havia sido excluída na noite desta quarta.
Segundo nota da AGU, as informações das postagens foram prontamente desmentidas pelo BC, mas ganharam repercussão significativa no mercado financeiro e em páginas especializadas em análise econômica, o que gerou impacto negativo na cotação do dólar.
A medida da AGU busca instaurar procedimento policial na PF e administrativo na CVM. O pedido foi feito por meio da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), que foi acionada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), após as postagens terem sido identificadas.
No ofício enviado às autoridades, a PNDD afirma que a desinformação, ao interferir diretamente na percepção do mercado, comprometeu a eficácia da política pública federal de estabilização cambial, evidenciando o elevado potencial lesivo de boatos neste contexto.
“Sabe-se que há relação direta entre a cotação de moeda estrangeira, notadamente o dólar, e os preços dos valores mobiliários negociados em Bolsas de valores, tanto que a recente elevação do valor da moeda americana veio acompanhada de queda do montante de valores negociados no mercado de capitais”, detalha trecho do documento.
A AGU argumenta, ainda, que essa conduta pode configurar crime de manipulação do mercado.
Na terça, o dólar já havia começado o dia em alta e operava no patamar entre R$ 6,14 e R$ 6,16 no horário da postagem, por volta das 10h30. A moeda chegou a acelerar a valorização no início da tarde, atingindo o pico de R$ 5,208 às 12h15, mas desacelerou ao longo do dia, após a realização de intervenções pelo BC. Terminou a sessão praticamente estável, cotada a R$ 6,095.
Redação / Folhapress