SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ajuste fiscal adiado, demissões na Tesla e o que importa no mercado para começar esta terça-feira (16).
AJUSTE FISCAL ADIADO
A decisão do governo Lula (PT) de propor uma revisão na meta fiscal do ano que vem acaba, na prática, deixando o trabalho do ajuste fiscal para a próxima gestão.
Entenda: a equipe econômica decidiu reduzir a meta fiscal de 2025 de superávit de 0,25% para zero assim como o resultado projetado para 2024, que o mercado duvida que será alcançado.
Na meta ainda há uma margem de tolerância de 0,25% do PIB para mais ou menos. Isso significa um resultado positivo ou negativo em 2025 de até R$ 31 bilhões.
Para 2026, o alvo passou para 0,25% do PIB. Considerando a margem de tolerância, portanto, o governo Lula 3 pode terminar sem ajuste fiscal.
↳ Como era: superávit de 0,5% do PIB no ano que vem e resultado positivo de 1% do PIB já em 2026.
↳ Como fica: déficit zero no ano que vem, superávit de 0,25% do PIB em 2026, 0,50% do PIB em 2027 e 1% do PIB em 2028.
Ou seja, além da piora do cenário fiscal, o Executivo também reduziu a velocidade do ajuste fiscal de 0,5 ponto ao ano para 0,25 ponto ao ano entre 2025 e 2027.
Por que importa: os cálculos consideram que a dívida pública brasileira seguirá crescendo até, pelo menos, 2027. Isso porque a própria equipe econômica calcula que é preciso um superávit de 1% do PIB para estabilizar a dívida.
Pelas projeções do Executivo, a dívida alcançará os 79,7% do PIB em 2027, para só então começar a cair lentamente.
Críticas: economistas ouvidos pela Folha disseram que a revisão da meta enfraquece o arcabouço fiscal, que parece ter sido uma proposta ambiciosa demais da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e deixa uma carga difícil para o próximo governo.
Reação: em um dia negativo também lá fora, o dólar disparou. Encerrou em alta de 1,19%, a R$ 5,18, seu maior valor desde março de 2023. Durante o dia, a divisa superou os R$ 5,21 após a confirmação de Haddad de que o governo revisaria a meta.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que mudanças que tirem a credibilidade da meta fiscal tornam o trabalho da autoridade mais difícil e aumentam o custo da política de juros.
DEMISSÃO EM MASSA NA TESLA
A Tesla vai demitir mais de 10% de seus trabalhadores, conforme um documento interno da companhia visto pela Reuters.
“Aproximadamente a cada cinco anos, precisamos reorganizar e otimizar a empresa para a próxima fase de crescimento”, escreveu Elon Musk, CEO da montadora, no X.
Em números:
140 mil funcionários tinha a Tesla no final de 2023, de acordo com arquivos enviados à SEC (CVM americana).
5,59% foi a queda das ações da companhia nesta segunda, em reação aos cortes e também em um dia ruim para o mercado como um todo.
Um ano para esquecer? A companhia já perdeu cerca de um terço de seu valor de mercado em 2024, em meio a dificuldades para aquecer a demanda por veículos elétricos e garantir uma margem de lucro acima dos pares.
Depois de um agressivo corte de preços no ano passado para bater de frente com a concorrência chinesa, a Tesla decidiu recompor suas margens neste ano.
O resultado disso foi uma queda nas entregas de carros no primeiro trimestre, o primeiro recuo em quatro anos.
SOBE E DESCE
Três meses após ter ultrapassado a Samsung como maior fabricante global de smartphones, a Apple viu a rival sul-coreana mais uma vez reassumir a liderança no primeiro trimestre deste ano. Os números são da consultoria IDC (International Data Corporation).
Em números:
60,1 milhões de unidades foram entregues pela Samsung nos primeiros três meses deste ano, em estabilidade com o mesmo período do ano passado; a participação de mercado ficou em 20,8%.
50,1 milhões de iPhones foram vendidos no primeiro trimestre, tombo de 10% em relação ao ano anterior; a fatia do mercado ficou em 17,3%.
O que explica a queda da Apple? China.
↳ A empresa da maçã passa por dificuldades com a concorrência em um de seus principais mercados. Ela chegou inclusive a oferecer descontos algo bem raro para a companhia para tentar reconquistar o consumidor local.
↳ A Huawei surpreendeu no ano passado ao lançar um novo smartphone com chip para conexão 5G, componente a que ela não tinha acesso por causa de sanções dos EUA. O produto foi um sucesso de vendas entre os chineses.
↳Outras empresas chinesas que viram suas vendas crescer foram a Xiaomi (alta de 34%) e a Transsion (disparou 85%), dona das marcas Tecno, Itel e Infinix, muito fortes na África.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress