SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A morte do astro do cinema francês Alain Delon, neste domingo, aos 88 anos, acontece depois de uma série de problemas de saúde e do pedido do ator para morrer por meio de suicídio assistido. Contudo, a causa exata de sua morte, em sua casa na França, não foi divulgada.
Em 2014, Delon sofreu uma arritmia cardíaca e precisou ser internado às pressas. Dois anos antes, ele tinha feito uma cirurgia no coração após ser hospitalizado pelo mesmo motivo. Em entrevistas, ele já havia afirmado que a morte não era um de seus medos e que a eutanásia “é a coisa mais lógica e natural que existe”.
Em 2019, o ator sofreu um acidente vascular cerebral, pouco depois de receber uma Palma de Ouro em Cannes, e voltou a mencionar a possibilidade de recorrer ao suicídio assistido, ao acompanhar o sofrimento de sua mulher, Nathalie Delon, que tinha a mesma intenção e morreu em 2021 de um câncer de pâncreas antes de conseguir as autorizações necessárias para a eutanásia.
Ele queria evitar o sofrimento dos hospitais, da dor e dos remédios que estendem a vida. Seu filho Anthony, do casamento com a atriz Nathalie Delon –que durou entre 1964 e 1969– seria o responsável por assisti-lo. No país onde o ator vivia, a Suíça, a prática é permitida –diferentemente da eutanásia, considerada ilegal.
“No suicídio assistido ou morte assistida, é a própria pessoa, auxiliada por terceiros, que toma a atitude final, ingerindo uma cápsula que contenha substância letal, por exemplo. Na eutanásia, é outra pessoa que executa, a pedido do paciente, geralmente através de uma injeção letal”, esclarece Rodolfo Moraes, médico paliativista que atua no Hospital do Câncer de Franca, no interior paulista.
Segundo Priscilla Mussi, geriatra e coordenadora de geriatria do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, que dá assistência a casos paliativos, “o AVC por si só não dá base para o pedido de suicídio assistido, mas toda pessoa que sofre o quadro tem a possibilidade de desenvolver outros –por exemplo, a demência vascular, que causa declínio cognitivo e funcional”.
Delon também estava envolto numa briga familiar. O astro e seus filhos trocavam acusações após a publicação, em janeiro deste ano, de uma entrevista explosiva do filho mais velho ator, Anthony, na qual ele afirmava que seu pai estava “debilitado” e “não suportava mais se ver nesta condição”.
Delon havia dito que processaria Anthony por suas declarações. Na entrevista à revista Paris Match, Anthony também revelou que registrou uma declaração à polícia, sem fazer uma denúncia formal, afirmando que sua irmã Anouchka manteve o pai afastado dos cuidados de que precisa.
Segundo Anthony, Anouchka não o informou de que seu pai não havia conseguido passar em “cinco testes cognitivos” de 2019 a 2022. Poucas horas após a publicação da entrevista, o advogado de Alain Delon anunciou a ação legal.
O último grande ícone do cinema francês havia pedido a seu advogado para “abrir um processo, inicialmente por difamação” e também que “estudasse os procedimentos necessários para pôr fim às ameaças contra ele e sua filha”, contou Christophe Ayela, o advogado do ator.
Redação / Folhapress