Alckmin defende ‘imposto do pecado’ para armas e reafirma compromisso do governo com arcabouço

SALTO, SP (FOLHAPRESS) – O vice-presidente e ministro da Indústria e Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), defendeu nesta quinta-feira (4) a aplicação do IS (Imposto Seletivo) para armas, e citou como exemplo seu período como governador de São Paulo para reforçar os efeitos positivos da medida.

“Eu só queria dizer que eu sou contra tirar arma do Imposto Seletivo. Acho que é um equívoco. Você tem que desonerar é comida”, disse a jornalistas após cerimônia de entrega de ambulâncias no interior de São Paulo.

“Está mais do que provado que quanto mais arma tem, mais homicídio tem”, completou o vice-presidente.

Alckmin mencionou um dado do período em que esteve à frente do Governo de São Paulo. Segundo ele, no começo dos anos 2000, o estado registrava cerca de 13 mil assassinatos por ano, e pouco a pouco, esse número foi reduzindo até chegar à marca atual de 2.605 homicídios dolosos, graças a um conjunto de políticas que incluiu o desarmamento da população.

“Quem tem que estar armada é a polícia, que é profissional”, afirmou.

Questionado sobre a alta do dólar, Alckmin citou o cenário externo como explicação e afirmou que está com boas expectativas para a queda de juros nos Estados Unidos, o que deve produzir um efeito positivo de crescimento da economia brasileira.

Sem mencionar o peso do risco fiscal na desvalorização da moeda do país, Alckmin reafirmou o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o arcabouço fiscal. Ele disse que estão mantidas as metas de zerar o déficit neste ano e de entregar superávit já em 2025.

“Eu queria destacar duas coisas. Primeiro, déficit zero. Cumprimento do arcabouço fiscal. Segundo, resolver o problema do déficit não aumentando carga tributária, mas reduzindo despesa, melhorando a eficiência do gasto público”, afirmou.

Questionado sobre a fala de Lula de que está havendo uma especulação em cima do real, Alckmin desconversou e disse que o câmbio é flutuante e, por isso, é natural oscilar.

O dólar arrefeceu alta desde a última quarta-feira (3), quando o presidente da República disse ter compromisso fiscal e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou corte de R$ 25,9 bilhões a partir da revisão dos gastos com benefícios sociais.

Economistas ouvidos pela Folha, porém, dizem que a medida, apesar de ser bem-vinda, é paliativa, e deve produzir efeitos na economia apenas no curto prazo. Especialistas citam a importância de uma revisão das despesas com saúde, educação e Previdência.

Durante o evento nesta quinta, Alckmin citou uma frase de Lula ao dizer que despesa com saúde não é gasto, e sim investimento.

A cerimônia teve por objetivo entregar 280 novas ambulâncias que vão reforçar o atendimento em 248 municípios de 24 estados. A entrega faz parte da renovação da frota do Samu. Todas as ambulâncias com mais de seis anos de uso serão trocadas. A meta do governo federal é de que em 2025 só estejam em operação veículos com até cinco anos de uso.

STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress

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