Além de vídeo do MBL, gestão Tarcísio usa texto do Brasil Paralelo em material didático

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Além de um vídeo do MBL (Movimento Brasil Livre), a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) usou um texto do Brasil Paralelo como fonte de informações para o material didático digital que tem enviado às escolas estaduais de São Paulo.

Em uma aula de empreendedorismo para alunos do 3º ano do ensino médio, foi usado um texto do Brasil Paralelo que conta a história de Walt Disney como exemplo de resiliência.

A Brasil Paralelo é uma produtora de vídeos conservadora. Criada, em 2016, ela cresceu durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu conteúdo foi amplamente divulgado pelos filhos do ex-presidente.

A produtora ficou conhecida por vídeos de revisionismo histórico e com bandeiras bolsonaristas e liberais, como o “Pátria Educadora”, que responsabiliza a “influência esquerdista” e o educador Paulo Freire (1921-1997) pelos indicadores ruins da educação brasileira.

Em nota, a Secretaria de Educação disse tirou o link de referência para o Brasil Paralelo da aula e informou que ela será “completamente editada” para que seja adequada aos protocolos pedagógicos da rede. Também disse que abrirá uma nova apuração preliminar para responsabilizar os envolvidos na produção da aula.

“Se estabeleceu um novo fluxo de acompanhamento dos materiais, que inclui uma revisão específica para identificar e corrigir eventuais erros conceituais e uso de fontes externas”, disse em nota a pasta.

Na sexta-feira (3), a Folha de S.Paulo mostrou que outra aula produzida pela secretaria trazia um vídeo do MBL para ser usado em aulas de português com alunos do 2º ano do ensino médio. Na ocasião, a secretaria também disse que iria tirar o conteúdo do ar e apurar o caso.

As aulas digitais foram criadas no ano passado pela gestão Tarcísio. Elas começaram a ser produzidas quando o secretário de Educação, o empresário Renato Feder, decidiu abrir mão dos livros didáticos impressos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Na ocasião, ele alegou que produziria um material próprio porque os livros didáticos “perderam conteúdo, qualidade e estão superficiais”. Após uma série de críticas sobre a inviabilidade de se usar apenas o material digital e de diversos erros serem encontrados nas aulas produzidas pela secretaria, o governo Tarcísio anunciou um recuo parcial.

Foi decidido que São Paulo voltaria a aderir ao programa nacional para continuar recebendo os livros impressos, mas a produção e o envio de slides para serem usados nas aulas foi mantida.

Para o terceiro bimestre deste ano, o secretário testa outra mudança na produção das aulas digitais. Elas passarão a ser feitas por uma ferramenta de inteligência artificial, em vez de serem produzidas por professores.

Segundo o governo, os docentes depois serão responsáveis por editar o material e encaminhá-lo para uma equipe interna da secretaria, que fará a revisão final de aspectos linguísticos e formatação.

ISABELA PALHARES / Folhapress

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