Aliado de Tarcísio diz diante de Zema que gafe de mineiro dificultou adesão a consórcio

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Aliado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado André do Prado (PL), admitiu na abertura do 9º encontro do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste) que a aprovação do grupo de estados na Casa foi difícil depois das falas consideradas separatistas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Diante de Zema e dos demais governadores, em discurso na Sala São Paulo, André do Prado afirmou que pensava que seria fácil aprovar na Assembleia a criação do Cosud com a participação de São Paulo, assim como foi feito no Legislativo de outros estados. Ele resgatou, então, a gafe do governador mineiro, que em mais de uma ocasião foi considerado preconceituoso com Norte e Nordeste.

“Por algum momento esse projeto tramitou na Assembleia. Eu achei que seria uma votação tranquila diante da importância desse instrumento jurídico para alinhar os estados. E infelizmente isso não aconteceu. Foi um debate intenso diante de uma pronúncia do nosso governador Zema, de Minas Gerais, que foi mal interpretada”, disse André.

O projeto foi protocolado na Assembleia pelo governo Tarcísio em junho, mas foi aprovado apenas no fim de setembro, após adiamentos por falta de quórum e obstrução da oposição de esquerda.

Em seguida, André do Prado contemporizou a fala de Zema. “Todos nós sabemos da intenção do nosso governador Zema, que era integrar todos esses estados. Todos nós sabemos que foi feito uma politicagem. E isso demorou para ser aprovado na Assembleia”, completou.

Falando depois do deputado, Zema também buscou desfazer o mal-estar e as críticas que suas declarações provocaram. “O Cosud está aqui para unir, para somar, nunca para dividir”, disse.

O governador mineiro também fez referência ao discurso de André do Prado. “O que é preciso ficar claro aqui, como o André disse, é que nós estamos aqui para somar e não para dividir. Esses sete estados têm o maior interesse que esse país avance e são os estados que mais podem contribuir, tanto pelo que representam de população como de produção”, completou.

O próprio Tarcísio, em sua fala, não fez referência à polêmica. Já Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, afirmou que o Cosud não é “nunca uma frente de estados contra estados, [mas] uma frente de estados que defende uma visão comum para o Brasil em benefício de todo o país”.

Governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) afirmou que a ideia do Cosud não é nova e que outras regiões já têm seus consórcios -como o Consórcio do Nordeste.

A declaração de Zema foi dada em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em agosto. Ao falar sobre a criação do Cosud, ele disse que a diferença de tratamento às regiões ficou clara durante a discussão da Reforma Tributária e cobrou espaço proporcional.

O mineiro chegou a fazer uma analogia com “vaquinhas que produzem pouco” ao falar sobre distorções de arrecadação e necessidades, dizendo que, se um produtor rural começa a dar um bom tratamento só para essas vacas, “daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento”.

Em junho, na abertura do encontro anterior do Cosud, em Belo Horizonte, Zema afirmou que os estados do Sul e Sudeste têm “uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial” e que só esses estados “podem contribuir para este país dar certo”.

Ainda no encontro do Cosud, Tarcísio e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), trocaram afagos e elogios. O governador deve apoiar a reeleição do emedebista, que busca ainda o apoio de Jair Bolsonaro (PL) na eleição do ano que vem.

CAROLINA LINHARES / Folhapress

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