Aliado de Trump é reeleito presidente da Câmara dos EUA e aponta reforço nas fronteiras como prioridade

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Apoiado por Donald Trump, o republicano Mike Johnson foi reeleito presidente da Câmara dos Estados Unidos, nesta sexta-feira (3), após enfrentar resistências em seu partido e quase perder a primeira votação na Casa. Ele foi declarado vencedor somente depois que o presidente eleito ligou e convenceu os correligionários a mudarem de ideia para apoiarem seu aliado.

No primeiro discurso após a vitória, Johnson afirmou que vai trabalhar para aprovar a agenda prometida pelo presidente eleito na campanha. O deputado apontou a defesa das fronteiras como sua prioridade número um à frente da Casa.

“Em coordenação com o presidente Trump, este Congresso dará aos nossos agentes de fronteira e imigração os recursos de que precisam para fazer o seu trabalho,” disse. “Vamos deportar imigrantes ilegais perigosos e criminosos e, finalmente, terminar de construir o muro na fronteira.”

Johnson ainda disse que atuará para cortar impostos e rever políticas implementadas pelo atual presidente, Joe Biden, que incentivam a energia limpa. Segundo ele, os EUA devem investir em outras frentes, incluindo no setor de combustíveis fósseis.

O discurso ocorreu no mesmo dia em que o 119º Congresso dos EUA tomou posse. Eleito junto com Trump no dia 5 de novembro de 2024, os republicanos têm maioria nas duas Casas do Legislativo.

Na Câmara, são 219 deputados republicanos, só um a mais do que o necessário para a maioria de 218 membros —o partido saiu das eleições com 220 deputados eleitos, mas um deles, Matt Gaetz, renunciou após ser nomeado secretário da Justiça por Trump.

Mike Johnson conquistou 218 dos 434 votos dos deputados após tensão. Ele teve de virar dois votos de congressistas do próprio partido, que em um primeiro momento tinham votado contra ele. Além disso, seis deputados demoraram para votar, em um sinal de resistência a Johnson.

Esses parlamentares fazem parte de uma ala mais à direita do partido, chamada “Freedom Caucus” (Caucus da Liberdade), e divulgaram uma carta dizendo que o grupo “tem reservas” em relação a Jonhson e só votaram nele devido ao “firme apoio” a Trump.

Caso a Câmara não conseguisse eleger um presidente nesta sexta, a certificação da vitória de Trump —em que o Congresso conta e valida os votos do Colégio Eleitoral— teria de ser adiada. Em 2023, a Casa demorou vários dias para eleger seu líder.

Além dos que demoraram para votar na primeira rodada, os republicanos Keith Self, do Texas, e Ralph Norman, da Carolina do Sul, votaram contra Johnson. Dez minutos depois, os dois mudaram de ideia e alteraram a posição. Os dois que voltaram atrás no voto afirmaram que receberam ligações de Trump pedindo que votassem a favor de Jonhson.

Em entrevistas, Norman disse que o presidente eleito da República perguntou a ele o que seria necessário para um acordo para votar pelo republicano.

“Eu disse, ‘Senhor Presidente, nós só queremos que Mike Johnson te apoie para que você possa fazer o seu acordo; para que você consiga tudo o que quer. Ele disse, ‘Eu entendo. Mike é o único que pode ser eleito'”, disse ao New York Times.

O único que se manteve contra a reeleição do deputado foi Thomas Massie, de Kentucky. Outros 215 votaram no democrata Hakeem Jeffries. O resultado na Câmara mostra como a maioria na Casa é apertada e que poderá ser um desafio para Johnson conseguir aprovar projetos de interesse de Trump com grande facilidade.

Ainda assim, Johnson reforçou as prioridades do presidente eleito. “Eu liderarei os republicanos da Câmara para reduzir o tamanho e o alcance do governo federal, responsabilizar a burocracia e levar os Estados Unidos a uma trajetória fiscal mais sustentável”, afirmou Johnson.

Johnson ainda afirmou que criou um grupo para atuar junto com Elon Musk e Vivek Ramaswamy no departamento que será responsável por propor corte de gastos e enxugamento do governo.

Ele também minimizou as divergências no partido. “Não diz nada, é parte do processo”, afirmou ao ser questionado antes da votação.

Em um post nas redes sociais, Trump comemorou a eleição de Johnson. “Mike será um grande presidente da Câmara, e nosso país será o beneficiário,” escreveu Trump.

Já no Senado, os republicanos têm 52 senadores contra 45 dos democratas, além de dois independentes que votam com a oposição.O senador Marco Rubio também foi eleito, mas renunciou para assumir como o Secretário de Estado de Trump.

Entre os senadores, o republicano John Thune, que lidera o partido, foi eleito o líder da maioria. O presidente do Senado é, segundo a Constituição, o vice-presidente da República, neste caso JD Vance, eleito com Trump, mas ele só vota em casos de empate e participa de cerimônias simbólicas. Na prática, quem definirá a pauta será Thune.

Nesta sexta, coube à vice-presidente Kamala Harris, derrotada para Trump, conduzir o juramento do novo Senado. Ela ficou frente a frente com Vance, que é senador, mas abrirá mão do cargo para assumir ao lado de Trump na Casa Branca.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, junto com a vitória republicana, o controle do Legislativo por homens brancos mais velhos se aprofundou: considerando o número total de 435 deputados na Câmara dos Representantes e 100 membros do Senado, 74% do Congresso americano agora é composto por pessoas brancas.

Isso representa um ligeiro aumento em comparação com a composição das Casas em 2023 e 2024 —eram 383, e agora são 393, de acordo com uma pesquisa da Universidade Rutgers, de Nova Jersey, e com dados oficiais

JULIA CHAIB / Folhapress

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