SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O novo presidente da equipe de assuntos globais da Meta, Joel Kaplan, afirmou que Mark Zuckerberg foi o responsável pela decisão da empresa de mudar a política de checagem de fatos, anunciada nesta terça-feira (7), e negou que houve influência de terceiros.
“Não há dúvida de que as coisas que acontecem na Meta vêm de Mark”, afirmou Kaplan, em entrevista ao “Fox & Friends”, um dos programas favoritos de Donald Trump na TV.
No mesmo dia, o presidente eleito dos EUA foi questionado se via relação entre a decisão da empresa e as ameaças que fez a ela no passado e respondeu: “provavelmente”.
O republicano já disse acreditar que a companhia e seu CEO, Mark Zuckerberg, “conspiraram” para sua derrota em 2021. O presidente eleito avaliava que o recurso de verificação de fatos tratava postagens de usuários conservadores de forma injusta. Em um livro publicado neste ano, o republicano fala em prender Zuckerberg se ele fizesse “algo ilegal novamente”.
Apesar de minimizar a influência de terceiros, Kaplan afirmou que havia “muito viés político” no programa de checagem de informações da Meta. Zuckerberg já havia abordado o assunto ao anunciar a decisão, quando criticou o que chamou de “decisões secretas” de tribunais latino-americanos.
“Países da América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar que empresas removam conteúdos de forma silenciosa”, disse o CEO da dona do Facebook, do WhatsApp e do Instagram. “Os fact checkers [moderadores] foram muito enviesados e destruíram mais confiança do que criaram, especialmente nos EUA. Vamos nos livrar deles”, apontou, definindo a eleição de Trump como um ponto de virada para a liberdade de expressão.
Kaplan foi anunciado pela Meta para assumir o cargo em 2 de janeiro. Ele é do mesmo partido de Trump e já foi vice-chefe de gabinete na Casa Branca durante o governo de George W. Bush. Como vice-presidente de política pública global da Meta, ele é conhecido por lidar com as relações da empresa com os republicanos.
Na mesma entrevista dessa terça, o novo executivo da Meta destacou o papel de Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), que foi um dos maiores apoiadores na campanha de Trump e terá um cargo na gestão do republicano.
“Acho que Elon desempenhou um papel incrivelmente importante em mover o debate e fazer as pessoas se concentrarem novamente na livre expressão”, afirmou Kaplan. Musk respondeu a um usuário no X que a decisão da Meta foi “incrível”.
Internamente, os funcionários da Meta se dividiram sobre a decisão da empresa. Segundo o jornal The New York Times, parte dos empregados disseram que Zuckerberg assumiu a sua verdadeira personalidade, independente das eventuais críticas progressistas, e outros postaram mensagens irritadas na rede interna (intranet) da empresa, mas as removeram rapidamente para evitarem demissão por violar regras de comportamento.
A reversão da política de moderação é um sinal de como a empresa está se reposicionando para o novo governo Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro. Zuckerberg tem se aproximado do presidente eleito e indicou apoiadores como Joel Kaplan e Dana White para posições relevantes na empresa.
Em vez de usar organizações de notícias e outros grupos de terceiros, a dona do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp agora dependerá dos usuários para incluir correções ou observações a postagens que possam conter informações falsas ou enganosas.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, disse no vídeo que o novo protocolo é semelhante às notas da comunidade adotadas no X após a aquisição da plataforma por Elon Musk.
Outra mudança da Meta, que também seguiu o que X já fez, será mudar as equipes de moderação para o Texas, estado onde Musk está enviando boa parte de seus funcionários desde a metade do ano passado.
FERNANDO NARAZAKI / Folhapress