SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Alívio na conta de luz, a nova geração de IA e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (28).
**ALÍVIO NA CONTA**
A tarifa da energia elétrica ficará mais barata neste fim de ano devido à volta das chuvas no Brasil.
Nos últimos dois meses, a chamada bandeira vermelha impôs uma cobrança extra de R$ 7,88 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.
Agora, com a entrada da bandeira amarela, a cobrança cai para R$ 1,88.
POR QUE IMPORTA
A inflação brasileira corre o risco de encerrar o ano de 2024 acima do teto da meta, de 4,5%.
O alto custo da energia elétrica e a produção agrícola mais baixa, devido à recente seca, são as principais causas.
O preço da energia pesa não só no orçamento das famílias, mas também encarece bens e serviços.
NA META?
Com a bandeira amarela, a probabilidade de a inflação ultrapassar os 4,5% diminui. Ainda assim, economistas estimam que ela deve ficar acima do limite.
Vale lembrar que o centro da meta é de 3%. Entenda aqui quando ela é descumprida.
Dados prévios da inflação de outubro mostram que os preços subiram 0,54%, acima do esperado pelas projeções. Em 12 meses, o índice IPCA-15 está em 4,47%.
Além da energia, o preço das carnes segue em alta.
OUTROS FATORES
A alta do dólar neste segundo semestre é outro motivo. A moeda ronda os R$ 5,70 devido às incertezas com as contas públicas e com o futuro da política americana.
A atividade econômica aquecida e o desemprego baixo também pressionam a inflação.
MAIS JUROS?
Na última sexta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chamou de “boa notícia” a mudança para a bandeira amarela.
A instituição decide, em 6 de novembro, a taxa básica de juros no Brasil, principal instrumento usado para controlar a inflação.
Há ampla expectativa de mais uma alta nos juros, a segunda no ciclo iniciado em setembro.
As mudanças climáticas são vistas como um fenômeno que deverá elevar a inflação mundial nas próximas décadas, o que em tese tende a exigir juros mais altos.
No mesmo evento em que comemorou a bandeira amarela, Campos Neto disse que a dinâmica das contas públicas é negativa. O governo Lula promete divulgar cortes de gastos.
DESAFIO DO CLIMA
Se continuar a chover, as chances de a inflação desacelerar aumentam. Tanto pela expectativa de uma safra mais produtiva quanto por uma possível mudança da bandeira amarela para verde.
A seca dos últimos meses foi a mais severa registrada no Brasil, iniciada em meados de 2023.
Safra menor, inflação, rios secos, incêndios e qualidade do ar ruim foram algumas das consequências ao longo do ano.
**IA QUASE HUMANA**
O Google está desenvolvendo uma ferramenta de inteligência artificial capaz de executar ações complexas, como navegar pelo Chrome.
A ideia é que a ferramenta realize tarefas de forma autônoma, como pesquisas, edição de planilhas e até compras como um “agente”, nome dado a esse tipo de automação na IA.
Executar tarefas mais abrangentes que as realizadas por ferramentas como o ChatGPT, da OpenAI, e o Gemini, do próprio Google.
QUASE HUMANO
O projeto foi vazado neste fim de semana, logo após a concorrente Anthropic anunciar uma atualização do sistema Claude, que também terá a tecnologia.
O agente do Google recebeu o apelido de Jarvis’, em referência ao assistente virtual do herói Homem de Ferro, da Marvel. O nome, porém, pode ser alterado.
RISCOS
Especialistas em IA têm alertado para os riscos de conceder maior autonomia aos sistemas, especialmente em tarefas complexas.
Um ponto sensível é que os agentes dispensam a verificação humana, aumentando o risco de falhas.
NOVA FRONTEIRA
Em evento em São Paulo no começo do mês, executivos do Google afirmaram que o desenvolvimento dos agentes é uma prioridade na empresa.
O Jarvis hoje já auxilia programadores e é testado em campanhas de publicidade, como em uma parceria com a Globo no Brasil.
A estratégia da empresa é ampliar o uso da tecnologia para clientes corporativos e, eventualmente, para consumidores finais.
CONCORRÊNCIA ACIRRADA
A liderança dos sistemas de IA é hoje da OpenAI, criadora do ChatGPT. A segunda posição é do Google, mas a Anthropic vem logo depois. A empresa recebeu investimentos recentes da Amazon.
Para se diferenciar, elas têm apostado justamente em melhorar o “comportamento” da tecnologia, usando mais personalização.
**CROCS TEM APELO**
As ações da marca de sapatos Crocs têm sido um sucesso na Bolsa americana. Elas acabaram de registrar uma alta de 55% nos últimos 12 meses, chegando a US$ 133,7 (R$ 760,59).
O principal motivo é o sucesso nas vendas, impulsionado primeiro pela pandemia, por colaborações com artistas e por modelos personalizados.
Entre os parceiros estão Post Malone, Bad Bunny, a NBA e o KFC. Linhas com estampas de Naruto e Toy Story também fazem parte das “colabs” mais recentes.
Com a marca de luxo Balenciaga, as botas criadas chegam a custar US$ 900 (R$ 5.118).
FEIO OU BONITO?
Criada em 2002, a Crocs é motivo de polarização: há quem ame e há quem odeie o design dos sapatos. A empresa, porém, foi uma das poucas que se saiu bem com os efeitos do isolamento social.
Reportagem recente da Folha de S.Paulo destacou a força da marca. O que deu certo foi a estratégia da Crocs de assumir que os sapatos são, sim, esquisitos. Em 2010, foram eleitos pela revista Time como uma das 50 piores invenções da história.
As vendas triplicaram para quase US$ 3,6 bilhões (R$ 20,48 bilhões) entre 2019 e 2022, à medida que os clientes presos em casa optaram por itens mais confortáveis.
No auge da pandemia, materiais como moletom e outras marcas focadas em conforto também se beneficiaram.
Dados do Google Trends mostram que o interesse mundial por Crocs começou a crescer em 2021, quando a parceria com a Balenciaga foi divulgada.
EM NÚMEROS
Em 2023, as vendas da companhia atingiram US$ 4 bilhões (R$ 22,74 bilhões), num crescimento anual de 11,5%. Foram vendidos 150 milhões de pares de calçados em cerca de 80 países.
**DE OLHO NA BOLSA**
Azul, cujas ações caem enquanto investidores aguardam entrada de US$ 400 milhões
A companhia aérea Azul ganhou um voto de confiança dos investidores após renegociar dívidas com fornecedores de aeronaves em R$ 3 bilhões.
O acordo afastou o risco de um pedido de recuperação judicial.
Sim, mas Ainda há incertezas com o futuro da companhia, que tenta captar US$ 400 milhões (R$ 2,28 bilhões) no mercado, como parte de mais uma etapa da reestruturação de suas finanças.
A falta de avanços na captação levou as ações da Azul a encerrar a última semana com a maior queda na Bolsa.
Nos últimos cinco dias, elas caíram 9,9%. No ano, a queda é de 63,5%.
Informações de bastidores, no entanto, sugerem que a empresa deve finalizar um financiamento nos próximos dias, o que tende a reverter as quedas.
Estresse entre as companhias. Até agora, a Azul foi a única entre as três grandes aéreas brasileiras a evitar a recuperação judicial desde a pandemia. A recente alta do dólar, porém, agravou a situação financeira da empresa.
A Latam entrou em recuperação em 2020 e saiu em 2022. A Gol, por sua vez, iniciou seu processo nos Estados Unidos no começo deste ano.
Recentemente, o setor aéreo conseguiu apoio financeiro do governo federal.
Enquanto isso a fusão entre Azul e Gol segue no radar das empresas, que buscam uma solução definitiva para tornar os negócios mais sustentáveis.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
GOVERNO LULA
Equipe econômica repete promessa de revisão de gastos, mas dúvida ronda Haddad. Mercado trata próxima semana como decisiva para conferir se a equipe econômica não ‘vendeu terreno na Lua’.
SANEAMENTO
Governo do Piauí faz leilão de saneamento na próxima quarta (30) após tentativa frustrada. Projeto prevê R$ 8,6 bilhões em investimentos e pode atrair grupos como Iguá, Aegea e Equatorial.
ELEIÇÕES SP
Nunes, reeleito, terá que acomodar bolsonarismo e decidir sobre tarifa congelada. Desafios do emedebista incluem contemplar 12 partidos de sua coligação no seu próximo governo.
BETS NO BRASIL
Ilha de Anjouan, com 360 mil habitantes, vira ‘paraíso’ de bets com imposto zero e facilidade de registro. Dos 219 sites autorizados a operar no Brasil até o fim do ano, 17 usam licença obtida pela internet da ilha autônoma.
VICTOR SENA / Folhapress