BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – As duas mães de uma menina de 9 anos acusam o colégio Elo, em Jaboatão dos Guararapes (PE), na região metropolitana do Recife, de ter obrigado a filha a participar de uma homenagem de Dia dos Pais.
O caso aconteceu na última sexta-feira (9). Segundo a jornalista Maira Morais, uma das mães da criança, foi a primeira vez em três anos da filha no colégio que ela foi levada para a cerimônia.
Morais afirma que a escola sabe que a criança tem duas mães e diz que nos anos anteriores a menina havia ficado na sala de aula, fazendo atividades com uma professora.
Procurado, o Colégio Elo afirmou que a direção “está apurando os fatos e conversará com as famílias envolvidas para os esclarecimentos e resolução do ocorrido”.
Desta vez, porém, Morais afirma que foi avisada por outra mãe que estava no local que a filha dela havia sido levada para a homenagem. De acordo com o relato, o pedido da criança para permanecer na sala foi negado pela coordenadora.
“A Ana, outra mãe que estava presente, viu a situação e colocou ela [criança] no colo durante a apresentação. Mas no final, mais uma vez, ela foi levada por uma funcionária para bater foto com as outras crianças e os pais”, disse a jornalista.
“Foi uma coisa bem constrangedora para ela. Quando a gente fez a matrícula, deixou claro que ela tem duas mães e perguntou como era a política da escola. No Dia das Mães, nós duas participamos e ganhamos presentes”, acrescentou Morais.
Morais afirmou ainda que, quando Nathalia Lins, a outra mãe de sua filha, foi ao colégio entender o que havia acontecido, os funcionários da tarde não souberam dizer, mas ressaltaram que a instituição é “uma escola tradicional”.
“A escola tem que ser um ambiente acolhedor para crianças que também não têm pais. O que quer dizer ser uma escola tradicional? Tradicional [significa que] é obrigatório a criança se apresentar mesmo não tendo um parente, mãe ou pai?”, questiona Morais.
As duas mães da criança foram à polícia e registraram queixa contra o colégio com base no artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que prevê detenção de seis meses a dois anos a quem “submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento”.
A Polícia Civil de Pernambuco afirma que registrou a ocorrência na Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente e que iniciou as investigações.
Maira Morais afirmou que já está buscando uma nova escola para matricular a filha.
“[O Colégio Elo] Não condiz com o tipo de educação que a gente quer, de que ela seja incluída na sociedade, consiga tratar e debater temas e ser acolhida”, disse a jornalista.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress