BARRETOS, SP (FOLHAPRESS) – Para quem não é de Barretos (a 423 km de São Paulo), viajar de lugares distantes para conhecer a Festa do Peão de Boiadeiro pode ser uma aventura de uma hora ou de impensáveis 45 dias.
A festa mais tradicional do gênero no país, aberta ao público no último dia 15, começou em 3 de julho para um grupo de 14 pessoas de Pé de Serra (BA), que organizou desde o ano passado uma viagem no lombo de mulas para Barretos. Enquanto isso, uma viagem aérea exclusiva de São Paulo ao aeroporto local é feita em pouco mais de uma hora. E há uma forte demanda.
Seja como for, os turistas tiveram de reservar com muita antecedência uma vaga na concorrida e limitada rede hoteleira da cidade ou da região, que chegou a ter pacotes com quatro diárias comercializados por R$ 47 mil para a edição deste ano da festa e que já tem reservas para a festa do ano que vem.
Esse problema o grupo liderado pelo cantor Ademário Fernandes Rios, o Marinho da Sela Vaqueira, não enfrentou. Depois de saírem da cidade baiana e viajarem 1.754 quilômetros, as 14 pessoas chegaram à região de Barretos na última quinta-feira (15) e acamparam em Guaíra, distante 46 quilômetros. No trajeto, qualquer lugar servia como ponto de pouso.
“Dormimos debaixo de árvores, em currais, em qualquer lugar em que dava para colocar uma rede ou colchões no chão. Pegamos dias de frio”, disse Marinho.
Dos 14 membros da comitiva, 8 estavam montados e os outros 6 estavam no grupo de apoio, em caminhão e caminhonetes.
“É meu quarto ano em Barretos. Uma vez vi um senhor de mais de 60 anos ouvindo música raiz e se emocionando muito. Chorava de ouvir e pensei vou fazer uma loucura dessa. Programamos para vir em 2023, mas não deu certo, agora Nossa Senhora Aparecida e o Senhor Jesus permitiram que desse certo”, disse.
Só ele e mais um conheciam a Festa do Peão de Barretos, e os demais, ao pisarem no local projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012), acharam “simplesmente incrível”, conforme o cantor. Dos 14 viajantes baianos, 13 já retornaram nesta segunda-feira (19). Marinho deve ficar até o fim da festa. Fará algum show no Parque do Peão? “Quem sabe? Um dia de cada vez.”
O aeroporto Chafei Amsei, em Barretos, que não tem voos regulares, deverá receber cerca de 300 pousos e decolagens de aeronaves durante a festa, para um seleto público de 1.200 passageiros, de acordo com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo).
São, em geral, visitantes que se hospedam num dos dois resorts da cidade, Barretos Park Hotel anexo ao Parque do Peão e Barretos Country Park Resort, que respondem por cerca de metade dos 4.000 leitos da rede hoteleira local.
No hotel anexo ao recinto, uma suíte master para cinco pessoas foi comercializada por R$ 47 mil para os 11 dias de festa deste ano. Já um hóspede estrangeiro, que pagou R$ 32 mil por um pacote neste ano (não para a festa toda) já reservou o mesmo local por R$ 43 mil para 2025, ano em que Barretos completará 70 anos da Festa do Peão.
Expositora da festa, Melciane Rolim, de São José do Rio Preto, está hospedada no local com cinco pessoas da família durante o evento. De acordo com ela, conciliar trabalho e lazer foi o objetivo da família, por não ter a necessidade de usar carro para se deslocar para nenhum lugar.
A Festa do Peão de Barretos é realizada até o dia 25 no Parque do Peão (rodovia Brigadeiro Faria Lima, km 428). Os ingressos custam de R$ 20 a R$ 95.
Nesta quinta-feira (22), terá início o Barretos International Rodeo, com competidores brasileiros e estrangeiros nas montarias em touros. Para os dias 23 e 24, só há bilhetes disponíveis para a área externa do estádio sem acesso, portanto, às montarias e aos shows do principal palco da festa.
MARCELO TOLEDO / Folhapress