SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A multinacional brasileira Ambipar e a USP (Universidade de São Paulo) lançam nesta quinta-feira (12) o USPproClima, Centro de Pesquisa e Inovação em Clima e Sustentabilidade, com investimento de R$ 5 milhões ao longo de cinco anos. Além de financiar o projeto, a Ambipar conduzirá o plano de descarbonização da universidade, que pretende se tornar carbono neutro até o fim de 2025.
A USP ocupa atualmente o oitavo lugar no ranking mundial de sustentabilidade em universidades. O USPproClima atuará em cinco frentes: gerenciamento de carbono, prevenção de desastres, ESG (ambiental, social e governança), economia circular e geração de energia renovável.
A Ambipar coordenará três etapas da descarbonização da USP: inventário das emissões, propostas de mitigação e compensação por créditos rastreáveis por tecnologia avançada.
Entre as tecnologias utilizadas no local estão a energia fotovoltaica e o biodigestor, sistema de produção de energia, licenciado para operação em diversas cidades pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
A superintendente de Gestão Ambiental da USP, Patrícia Iglecias, disse que a universidade já investe na transição para energia fotovoltaica em diferentes campus. Segundo ela, o USPproClima busca impacto além dos limites da universidade, promovendo soluções práticas como o reaproveitamento de efluentes agroindustriais e esgoto doméstico na irrigação agrícola, reduzindo custos e impactos ambientais.
“Essas águas são ricas em nutrientes e, ao serem aplicadas na agricultura, ajudam a conservar os recursos hídricos, diminuindo a contaminação ambiental e o uso de água potável”, afirmou Iglecias. Ela diz que a falta de regulamentação para o reúso de água é um obstáculo a ser superado, reforçando a necessidade de um arcabouço legal e desenvolvimento de tecnologias no Brasil.
Para o diretor corporativo de pesquisa da Ambipar, Gabriel Estevam, a parceria entre academia e setor privado responde a desafios climáticos urgentes. O centro também é voltado a políticas públicas e produção científica de impacto internacional. “Nosso objetivo é impulsionar a cooperação prática de desafios trazidos pelo mercado e problemas ambientais urgentes causados pelas mudanças climáticas de fontes antrópicas”, disse.
Segundo Estevam, a biodigestão é eficaz na transformação de materiais como lodo industrial, dejetos de suínos e bovinos, e resíduos de alimentos em biometano, gás que pode ser purificado para aumentar sua pureza e eficiência. “Com isso, é possível produzir energia térmica ou combustível para veículos, como ônibus e caminhões movidos a biometano”, afirma.
Ele também afirma que o biometano ajuda na descarbonização e na descentralização da matriz energética, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.
A FUSP (Fundação de Apoio à USP) gerenciará os recursos e selecionará projetos por meio de editais, com bolsas comparáveis às da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). A gestão contará com nomes como Jorge Tenório, da Escola Politécnica, e Ildo Sauer, do Instituto de Energia e Ambiente, além de consultores externos como a ex-ministra do Meio Ambiente e presidente do Comitê Global de Sustentabilidade da Ambipar, Izabella Teixeira.
SAIBA MAIS SOBRE AS ÁREAS DE PESQUISA
– Gerenciamento de carbono e Soluções Baseadas na Natureza: Foco em sistemas de comércio de emissões, desafios relacionados a projetos florestais de baixo risco para captura e armazenamento de carbono, bioeconomia, pagamento por serviços ambientais e segurança alimentar.
– Prevenção de desastres: Inclui previsão e monitoramento de eventos extremos, planejamento e adaptação, resposta rápida e recuperação, além da redução de emissões de gases do efeito estufa e poluentes. A área também trabalhará na construção de resiliência frente aos impactos climáticos.
– ESG: Abrangerá políticas públicas e corporativas, direitos humanos, cumprimento do Acordo de Paris, aplicação de leis relacionadas ao clima, combate ao greenwashing, migração climática e litigância ambiental.
– Economia circular: Tem como objetivos a redução de desperdício, ecoeficiência, desenvolvimento de tecnologias para uso racional de recursos, análise do ciclo de vida dos produtos e promoção de justiça social.
– Gestão de resíduos sólidos e geração de energia renovável: Envolve soluções para gestão e destinação de resíduos, geração de energia a partir desses materiais, autoprodução por meio de sistemas fotovoltaicos e integração de energia solar em ambientes urbanos, além de iniciativas em mobilidade elétrica.
GUSTAVO GONÇALVES / Folhapress