SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Americanas decide nesta quarta-feira (11) se vai processar seus ex-diretores envolvidos em uma fraude contábil de R$ 25,3 bilhões. O rombo, promovido por meio de balanços fictícios por pelo menos 15 anos, até 2022, fez com que a varejista entrasse em recuperação judicial no início de 2023, com dívidas de R$ 42,6 bilhões.
O assunto é um dos principais temas da AGE (Assembleia Geral Extraordinária) que teve início nesta quarta, às 11h. O acesso à assembleia, realizada remotamente, é restrito aos acionistas e seus representantes legais.
“O Conselho de Administração aprovou, por unanimidade, a convocação desta AGE para deliberar, entre outros temas, sobre a propositura de ação de responsabilidade civil pelos prejuízos causados, nos termos do artigo 159 da lei nº 6.404/76, em face dos ex-diretores estatutários da companhia aqui indicados em razão de fraude contábil e demais atos ilícitos correlatos durante o exercício social findo em 31 de dezembro de 2022”, diz a proposta de participação dirigida aos acionistas.
A administração da varejista propõe entrar com uma ação de responsabilidade civil contra Miguel Gutierrez, Anna Christina Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles.
A Americanas também quer que sejam rejeitadas as contas dos quatro diretores, “não lhes sendo dada a consequente exoneração”, e que a companhia tome “todas as medidas legais aplicáveis para se ressarcir de todas as perdas e danos sofridos em decorrência de tais atos.”
“Além disso, o Conselho de Administração autorizou a Diretoria da Companhia a avaliar e a tomar, quando julgar necessário e conveniente, todas as medidas para a responsabilização civil de todos aqueles que participaram ou concorreram para a prática da fraude contábil e demais atos ilícitos correlatos e não o tenham feito na qualidade de administradores da companhia ou suas antecessoras durante o exercício
social findo em 31 de dezembro de 2022 e exercícios sociais anteriores”, diz o texto.
A empresa afirma que, em 16 de julho de 2024, fato relevante informou as conclusões dos trabalhos de
investigação conduzidos pelo Comitê Independente, que confirmaram a existência de fraude contábil, “caracterizada, principalmente, por lançamentos indevidos na conta fornecedores, por meio de contratos fictícios de VPC (verbas de propaganda cooperada) e por operações financeiras conhecidas como ‘risco sacado’, dentre outras operações fraudulentas e incorretamente refletidas no balanço da companhia.”
DANIELE MADUREIRA / Folhapress