Amir Haddad faz 86 anos em festival de teatro com Pedro Cardoso e Andrea Beltrão

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Famosa por sua boemia, endereço da cantora Carmen Miranda, do poeta Manuel Bandeira e do pintor Cândido Portinari, dada por decadente a cada geração, a Lapa volta a pulsar a vida teatral carioca, como na época em que a atriz Dercy Gonçalves se apresentava por dez mil-réis.

A partir desta segunda (3), e ao longo de 13 dias, acontece o 1º Festival de Teatro Amir Haddad, no Centro Cultural Casa do Tá na Rua, na avenida Mem de Sá, centro nervoso do bairro carioca. Isso apesar do diretor, que acaba de completar 86 anos, ser taxativo. “Eu não quero teatro na minha vida”, diz. “Eu quero vida no meu teatro. O teatro que eu faço é sempre vivo, ao alcance de todos.”

O festival, com concepção e curadoria de Máximo Cutrim, ator e integrante do Tá na Rua, contará com espetáculos que tiveram a direção ou supervisão do próprio Amir. Os ingressos são a preços populares, com inteira a R$ 20.

O evento contará também com uma programação gratuita com exibição de filmes como “O Beijo no Asfalto”, dirigido por Murilo Benício, oficinas de teatro, apresentações musicais noturnas e conversas, como com o cineasta Silvio Tendler.

Além disso, uma exposição reconta a trajetória de Amir em suas distintas atividades —como ator, diretor, professor, pesquisador e ativista cultural— por meio de instalações artísticas, objetos pessoais, fotografias, vídeos e depoimentos.

“Eu trabalho nas ruas há mais de 45 anos, passei pouquíssimas vezes o chapéu”, conta o diretor. “Nós não podemos vender o melhor que temos para dar.”

Nesta segunda, o festival abre com o monólogo “Virginia”, protagonizado pela atriz Claudia Abreu, que tem rodado o país com o espetáculo baseado na vida e obra da escritora inglesa Virginia Woolf, autora de “Mrs. Dalloway”.

Outra peça de sucesso que será apresentada é a “Antígona” protagonizada por Andrea Beltrão. A adaptação do texto de Sófocles tem dramaturgia da atriz e do diretor feita a partir da tradução de Millôr Fernandes. Amir é o responsável pela direção da montagem.

O monólogo “Recém-Nascido”, do ator Pedro Cardoso, que fez temporada recentemente em São Paulo, faz sua estreia no Rio de Janeiro durante o festival. Nele, o ator trata dos sentimentos de uma pessoa que se recorda de seu nascimento, e atesta: era mais feliz antes de nascer. O espetáculo teve supervisão de Amir Haddad.

“A Alma Imoral”, de Clarice Niskier, adaptação do livro homônimo do escritor Nilton Bonder que já teve mais de 600 mil espectadores (ao longo de 16 anos, só saiu de cartaz durante a pandemia), também faz parte da programação.

DANILO THOMAZ / Folhapress

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